Socorro! Quem socorre os que vivem para socorrer? Quem os ouve? Há muitos gritos silenciosos aguardando uma ajuda, um abraço de conforto. Nesses tempos terríveis não há profissionais mais exaustos e mais infectados por tantas dores, tristezas e desesperos do que os profissionais de saúde. Escondem neles últimos olhares, esperanças derradeiras; aguardam não sabem de onde a chegada de forças que já não têm.
Algumas vezes assumem plantões tropeçando em serviços funerários, outras vezes em cestas e flores para recém chegados. Interpretam olhares diferentes em distâncias de pequenos passos, já que choro barulhento da estreia da vida e a última gota de uma lágrima de despedida dividem-se por pouco espaço. Os corredores estão sempre levando-os para viagens com muitas histórias e com todos os tipos de finais.
Não podem esmorecer ou demonstrar exaustão. Inventam sentimentos mesmo sentindo todas as dores do mundo e ainda vivem emprestando sorrisos forçados aos que necessitam da força de um sorriso para seguir. Agigantam-se como anjos e heróis na defesa de vidas, mas quase sempre apequenam-se ao primeiro passo nas ruas de vida normal; por elas desfilam boa parte de um desdém que muitos fazem com a prevenção.
Os esforços que fazem para salvar vidas contrastam com outras vidas fazendo todos os esforços para pararem em suas mãos; mãos pelas quais vidas já se escorreram sem eles poderem fazer nada. Não diferenciam quem se preveniu ou quem preferiu a estupidez, ali eles só pensam em salvar. O grande problema é que chegar até eles está mais difícil, são cada vez mais vidas em risco para poucas mãos! Evite-as. A prevenção ainda é o melhor remédio! Entupa-se dela!
Texto: Josyel Carvalho