Menino de Rio Brilhante realiza sonho de uma nova mãe

Uma história de recomeço feliz teve início na semana passada na comarca de Rio Brilhante. Um menino de cinco anos de idade, que chegou na casa de acolhimento ainda bebê, recebeu a tão aguardada vinda de sua mãe adotiva para levá-lo a uma nova casa, com um quartinho só dele.
A juíza responsável pelo processo de adoção, Monique Rafaele Antunes Krieger, explica que começou a atuar na comarca em janeiro deste ano e, ao visitar a casa de acolhimento, conheceu a história do pequeno Pedro (nome fictício), um garoto muito feliz, agitado e gracioso, que nasceu prematuro com pouco mais de um quilo e foi para o acolhimento ainda bebê, em razão da negligência de cuidados dos pais dependentes de álcool e drogas.
Ainda hoje, Pedro apresenta peso e estatura pequenos para sua idade. A baixa estatura, somada a hiperatividade controlada com medicamentos, estão relacionados a seu diagnóstico de síndrome alcoólica fetal, transtorno decorrente do abuso de álcool da mãe durante a gestação.
Nos seus primeiros dias na instituição de acolhimento, Pedro tinha muita fome e sede. Foi feita uma tentativa de conviver com o irmão mais velho, já maior de idade e que havia constituído família. Mas, após dois meses, ele deixou o pequeno com a avó que, já idosa e doente, o devolveu para a instituição de acolhimento sob o argumento de que não tinha condições de cuidá-lo.
Em 2021, sua mãe biológica faleceu em decorrência de seu quadro de dependência química, e o pai, embora notificado do processo de destituição do poder familiar, não se manifestou. Mas Pedro, em seu encontro com a juíza, fez questão de deixar claro que estava à espera do dia em que uma mãe viria buscá-lo.
A história comoveu a magistrada que se dedicou a encontrar no Estado de Mato Grosso do Sul um pretendente habilitado para realizar o sonho de Pedro, mas nenhum deles aceitava o perfil do menino. Foi pelo Sistema Nacional de Adoção (SNA) que a juíza localizou uma pretendente no interior de Goiás disposta a adotar um menino em sua faixa etária e com algum tipo de doença.
Contato feito, a pretendente embarcou num ônibus e, ao conhecer Pedro, de imediato sabia que havia encontrado seu filho. Já no primeiro dia de convivência, ele também a chamava de “mãe”.
Vencidos os trâmites legais, a magistrada, que começou a atuar como juíza substituta em abril do ano passado, resolveu fazer a entrega de Pedro à sua nova mãe no Fórum de Rio Brilhante em ato semelhante ao praticado pela juíza da infância da capital, Katy Braun do Prado, chamando de “parto”.
E o nascimento da nova família é claro emocionou a juíza em início de carreira e que aliás, atuou em seu primeiro caso de adoção. O menino e a mãe já estão juntos no interior de Goiás começando uma nova vida para ambos. Ela viúva, sem filhos biológicos, tem dois enteados e agora a companhia de Pedro para preencher todo seu coração. Ao deixar a comarca, a mãe do Pedro contou que o quartinho dele estava pronto o esperando, serão apenas os dois morando no local, mas seus enteados, que estão cursando a faculdade, estavam muito ansiosos para a chegada do novo irmãozinho.
TJMS