Wagner Pires admite que ainda tem relação com Itair e Sérgio Nonato, mas garante: “Eles não têm vínculo com o Cruzeiro”

Vivendo o pior momento da história em campo, com o rebaixamento inédito à Série B do Brasileiro, e passando, também, pela maior crise financeira em quase 99 anos, o foco do Cruzeiro está na reformulação administrativa.

Reformulação, essa, que começou ainda com a temporada em andamento, com a saída de Sérgio Nonato e a demissão de Itair Machado, em outubro. A dupla era braço direito do presidente Wagner Pires de Sá desde o início da gestão, mas a parceria profissional entrou em ruínas em meio às investigações da Polícia Civil contra integrantes da diretoria cruzeirense. Zezé Perrella assumiu a gestão do futebol, mas também foi desligado por Wagner na última quinta-feira, dando lugar a Márcio Rodrigues.

Em meio a todas as polêmicas envolvendo Serginho e Itair, Wagner Pires de Sá afirma que ambos não se envolvem mais nas decisões do Cruzeiro, apesar de admitir manutenção da amizade com ambos.

– A relação, tirando a amizade, quando se trabalha junto, nós temos uma amizade. Mas, administrativamente, (a relação) é zero. Eles não têm absolutamente mais ingerência na administração do Cruzeiro. O Itair já saiu há algum tempo, o Sérgio Nonato logo depois. O Sérgio ainda é conselheiro do Cruzeiro.

“Conversar, ver, cumprimentar, tomar um chopp é uma coisa mais natural. Não quer dizer que tenha vínculo com o Cruzeiro. Nenhum.”

Wagner Pires de Sá, presidente do Cruzeiro — Foto: Bruno Haddad/Cruzeiro

Uma das maiores polêmicas relacionadas à dupla Sérgio/Itair é referente aos altos salários que recebiam. O primeiro contrato de Serginho, por meio da empresa SRN Consultoria Esportiva, previa salário de R$ 60 mil mensais. Quinze dias depois, o dirigente ganhou “luvas” de R$ 300 mil a serem pagas no vencimento de maio de 2018, além de um aumento salarial para R$ 75 mil mensais. Em dezembro daquele ano, passou a receber R$ 125 mil. No caso dele, Wagner Pires de Sá admite que houve um excesso no aumento do salarial.

– Ele (Serginho) subiu (o salário) porque assumiu posição maior. Depois, vimos que estava fora do escopo, e o salário foi reduzido.

Itair, por sua vez, assinou seu primeiro contrato com o Cruzeiro em 2 de janeiro de 2018, por meio da empresa da qual é proprietário, a IMM Assessoria e Consultoria Esportiva Ltda. O acordo iria até dezembro de 2020 e os vencimentos mensais eram de R$180 mil. Além disso, a multa rescisória era unilateral e previa pagamento de R$2 milhões ao dirigente, em caso de demissão, que ocorreu no dia 10 de outubro deste ano. No caso do ex-vice-presidente, Wagner Pires de Sá afirma que os vencimentos de Itair eram naturais, se comparado ao que os demais dirigentes recebem.

“O Itair Machado, de fato, tinha um salário maior que os demais diretores. Mas isso é consequência do futebol brasileiro”

– Todos os diretores da área de futebol, do Brasil, ganham excepcionalmente mais que os demais executivos do clube. Você pode olhar no Flamengo, Grêmio, Atlético, eles ganham mais. Até o Itair, nesse ponto, era um pouco menor (que os salários dos demais). Pode ter havido algum erro na hora da distribuição de bichos, gratificações.

Zezé Perrella e Wagner Pires de Sá vão limitar remuneração de dirigentes — Foto: Bruno Haddad

Nessa quinta, logo após o anúncio do Cruzeiro sobre o afastamento de Zezé Perrella da gestão de futebol, Itair Machado, procurado pelo GloboEsporte.com, também afirmou que não tem nada a ver com o dia a dia do Cruzeiro e garantiu que não tem pretensão alguma de retornar ao clube.

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