Sem amparo legal, atitude de deputada em hospital confirma “carteirada”

Assembleia e Santa Casa afirmaram que não há previsão legal que autorize benefícios por conta do mandato político

A deputada estadual Grazielle Machado (PR) não poderia mesmo ter estacionado seu carro na vaga destinada a ambulância na Santa Casa de Campo Grande utilizando o argumento de que é parlamentar. Isto porque, não há qualquer previsão, tanto da própria instituição quanto no regimento interno da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul, que permita ao deputado parar em vagas reservadas.

No domingo (5), Grazielle e o marido levaram o filho de um ano para atendimento no pronto socorro da Santa Casa e estacionaram o veículo na vaga onde a ambulância deixa pacientes que estão em estado grave. Segundo o presidente do Legislativo Municipal, Junior Mochi (PMDB), não existe previsão no regimento interno da casa de leis que autoriza deputado a estacionar em determinados locais. Mas, ponderou, há instituições que permitem parar os veículos em locais disponibilizados para autoridades, o que não é o caso.

A própria deputada contou que estacionou o carro na vaga e, quando o funcionário do hospital pediu que o veículo fosse retirado, ela disse, “em voz baixa”, que o carro era oficial, em virtude de seu mandato legislativo. O casal não atendeu à solicitação, somente retirou o automóvel quando o marido da deputada foi à delegacia registrar boletim de ocorrência contra os funcionários, que, segundo ele, teriam o agredido. Os trabalhadores, no entanto, afirmam que eles é que sofreram agressões e também procuraram a polícia.

A Santa Casa afirmou que a vaga é destinada exclusivamente para veículos do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) e Corpo de Bombeiros com pacientes em estado gravíssimo, que vão diretamente para ala vermelha da instituição. Em resposta, a assessoria de comunicação disse que em hipótese alguma outro carro, independente de ser oficial ou não, pode parar no espaço.

Confusão – A deputada postou na tarde de ontem um vídeo, em sua rede social, anunciando que iria mostrar o atendimento e denunciando que o marido, o publicitário Herlon Zaparoli, havia sido agredido por funcionários do hospital. O problema, que começou no estacionamento, continuou quando o marido tentou entrar com a esposa, o filho e a babá, na sala de triagem, no entanto, como o limite de acompanhantes havia excedido, ele foi impedido de entrar. Herlon disse que tentou entrar para entregar a certidão de nascimento do filho quando os funcionários o empurraram e deram uma ‘gravata’ nele.

De acordo a instituição, o filho do casal sofreu efeito colateral por um medicamento, tomou antídoto, soro e, em seguida, teve alta.

Fonte: Campo Grande News