Nostalgia sertaneja

As músicas mais famosas de todos os tempos

Os clássicos que fazem sucesso, não saem da cabeça e fazem todas as gerações cantarem.“Não interessa se ela é coroa, panela velha é que faz comida boa”, diria Sérgio Reis. Pelo menos quando o assunto é música sertaneja, o ditado é válido: o sertanejo universitário até pode dominar as baladas, os bares e o Youtube, mas pra fazer todo mundo cantar em uníssono, no alto da noite, só mesmo um clássico caipira ou aquele refrão emocionado das grandes duplas românticas do início dos anos 90.
Volta e meia, as canções ressurgem em regravações de artistas atuais ou como trilhas sonoras de comerciais, filmes e novelas. Ainda que passem décadas longe da grande mídia, porém, nunca serão esquecidas e terão seu lugar reservado no repertório (e no coração) popular. Edvan Antunes, autor do irresistível livro ‘De Caipira a Universitário: a história do sucesso da música sertaneja’, preparou com exclusividade uma lista dos 10 clássicos mais famosos de todos os tempos. Essas são para ouvir, cantar, relembrar e se emocionar!

Tristeza do Jeca: Música caipira de raiz
Composta em 1918 por Angelino de Oliveira (1899-1964), só foi gravada no início dos anos 30. A música foi “encomendada” pelo então presidente do clube 24 de maio de Botucatu (SP). Noventa anos após seu lançamento, foi eleita pelo jornal “Folha de São Paulo” como a melhor música caipira de todos os tempos. Entre os inúmeros artistas que já a gravaram estão nomes como: Caetano Veloso, Zeca Baleiro, Luiz Gonzaga, Maria Betânia, entre outros.

Beijinho doce: Valsa romântica
Grava pela primeira vez em 1945 pelas irmãs Castro, foi composta por João Alves do Santos, conhecido artisticamente como Nhô Pai. A música apareceu em filmes da Atlântida nos anos 50, chegando às paradas de sucesso nas vozes de diferentes artistas. Em 1976, a cantora da Jovem Guarda Nalva Aguiar regravou o clássico, dando uma guinada em sua carreira. Recentemente, a música ganhou destaque como trilha da novela “A Favorita”, da Rede Globo.

O Menino da Porteira: Música caipira de raiz
Clássico imortal composto por Teddy Vieira e Luizinho, foi gravada primeiramente em 1955 pela dupla Luizinho e Limeira e, logo depois, por Tonico e Tinoco, que a eternizaram em suas vozes. Conhecida de norte a sul do país, em 1977 a canção deu origem ao filme homônimo estrelado por Sérgio Reis e dirigido por Jeremias Moreira. O filme levou mais de 3 milhões de espectadores aos cinemas. Em 1999 foi feito um remake, com o cantor Daniel no papel principal

Boate Azul: Bolero romântico
Composta em 1963 por Benedito Seviero e Tomaz, foi proibida durante a ditadura militar e liberada para gravação somente vinte anos depois. No anos 80, estourou nas paradas com a dupla Joaquim e Manuel. Com dezenas de regravações, inclusive no exterior, Boate Azul já chegou em países como Portugal, Espanha, França e Dinamarca. A música foi inspirada num caso real: um amigo de Benedito Seviero se apaixonou por uma dançarina de boate e, todos os dias, ia para a porta do estabelecimento, aguardar a saída de sua amada. Enquanto isso, bebia para amenizar a ansiedade.

Saudade da minha terra: Música caipira de raiz
Essa música alcançou grande vendagem em seu lançamento, em 1966, nas vozes da dupla Belmonte e Amaraí. A letra é de Goiá, mais conhecido como o Poeta de Coromandel (MG), em parceria com Belmonte, e retrata toda a saudade que ele sentia de sua terra natal enquanto vivia na selva de pedra que é São Paulo. Verdadeira obra-prima do cancioneiro popular, permanece atual e continua sendo regravada pelos artistas das novas gerações.

Rio de Lágrimas: Música caipira de raiz
Mais conhecida como Rio de Piracicaba, possui mais de 150 regravações. Foi composta por Piraci e Lourival dos Santos em 1970, no apartamento de Piraci, localizado na Av. São João, em São Paulo. A canção foi gravada logo em seguida pela dupla Tião Carreiro e Pardinho, conhecidos também como Os Reis do Pagode, mostrando um jeito diferente de tocar viola caipira, criado por Tião Carreiro.