'Mad Max': Game perde em capricho, mas expande universo dos filmes

É fácil se perder no enorme deserto apresentado em “Mad Max”, game que adapta o mundo criado por George Miller nos cinemas para Xbox One, Playstation 4 e computadores. Não por uma questão de orientação — um mapa sempre presente facilita a vida do jogador –, mas porque a produção da Avalanche Studios provoca reações contraditórias no jogador em questão de minutos. 

Se em um momento a empolgação com as perseguições e batalhas automotivas dão a impressão de que este é um dos games do ano, suas inúmeras limitações técnicas podem transtornar profundamente o mais paciente dos jogadores.

As disputas entre os carros sucateados mas envenenados são de longe o ponto forte. “Mad Max” honra suas origens ao oferecer inúmeras oportunidades para destroçar os oponentes sobre as quatro rodas, como um arpão que pode arrancar rodas — e motoristas — dos carros adversários, além de armaduras e parachoques que aumentarão a octanagem do sangue do fã da série.

As lutas mano-a-mano também empolgam, e mostram um Max brutal e sem dó dos inimigos. Claramente inspirado no sistema de luta de “Batman: Arkham Asylum”, os confrontos não oferecem grandes novidades, mas o modo Fúria ativa por Max após um número de golpes dão uma bela demonstração de ferocidade do protagonista.

No entanto, enquanto o jogador atravessa o grande deserto acompanhado de Chumbucket, um mecânico corcunda que vê em Max uma espécie de santo, para construir o carro perfeito e livrar a região da opressão de Lord Scrotus — filho do vilão de “Estrada da Fúria”, Imortan Joe –, vai deparar com diversos problemas.

O mais flagrante deles é a incapacidade do personagem para pular mais do que 30 cm do chão. Com isso, a movimentação fica limitada a poucos espaços demarcados que permitem uma escalada. É estranho que um jogo de mundo aberto limite assim seu protagonista.

Além disso, em pouco tempo os diversos objetivos apresentados — e, acredite, eles são inumeros — ficam repetitivos. Após a 10ª base inimiga tomada, mesmo que todas sejam bem originais e apresentem personalidade, fica a sensação de que as próximas estão ali apenas para aumentar o tempo de jogo.

Muito se especulou se “Mad Max” seria o “Shadow of Mordor” deste ano. Um game produzido sem grandes espectativas por um bom desenvolvedor, baseado em uma série de sucesso, que acabasse ganhando todos os prêmios de melhor game. Infelizmente, isso não está perto de acontecer.

Talvez se “Mad Max” tivesse prestado mais atenção aos acertos do game baseado em “Senhor dos Anéis”, focando em sua história e não dando tanta importância ao tamanho, poderia ter repetido seu sucesso.

Ao invés disso, o game apresenta uma experiência feroz e divertida, sim, mas tão cheia de problemas que não vai revolucionar o mercado — mas talvez isso também não seja algo tão ruim.

Fonte: G1