Bela Vista e os heróis da Retirada da Laguna, na Guerra do Paraguai

É impossível evitar a emoção ao chegar à cidade de Bela Vista, em Mato Grosso do Sul, ou, atravessando o rio Apa, à cidade de Bella Vista, no Paraguai, ambas palcos de episódios tanto relevantes quanto sangrentos da Guerra do Paraguai.

Bela Vista está envolta em odores de heroísmos. E, do lado sul-mato-grossense, é obrigatório visitar o Monumento à Batalha do Nhandipá, sinalizando onde ocorreu talvez a mais cruenta dos enfrentamentos armados da famosa Retirada da Laguna.

A história: durante seis anos, entre 1864 e 1870, Brasil, Argentina e Uruguai formalizaram uma aliança contra o governante paraguaio Solano Lopez, dirigente absoluto de um país que representava uma das mais fortes potências econômica regionais.

A Guerra Grande – como é conhecida no Paraguai – mobilizou recrutas do Brasil inteiro, do Norte ao Sul do país, para fazer frente à invasão paraguaia sobre o Mato Grosso, pelo lado Sul da província, hoje, oficialmente Mato Grosso do Sul.

Para justificar a invasão ao território brasileiro, Solano Lopez usou a intervenção do Brasil, em favor de um dos lados, em guerra civil que era travada no Uruguai, o que resultou na deposição do presidente constitucional daquele país, Atanasio Aguirre.

Quando o Brasil conseguiu empossar o rival de Aguirre (que era do Partido Blanco), na figura de Bartolomé Mitre (do Partido Colorado), Solano Lopez sentiu seu governo ameaçado, decidindo, então, invadir o território brasileiro.

Deixando de lado as razões de uns e de outros, a riqueza do episódio histórico da Guerra da Tríplice Aliança pode ser monumentalmente reconhecida em Bela Vista, uma das cidades brasileiras mais emblemáticas dessa controversa história.

Retirada de Laguna: com cerca de 3.000 soldados, em sua origem, e 700, ao final, o Exército Brasileiro, que havia se aventurado território paraguaio adentro, não resistiu à doença e à desnutrição, e nem, é claro, ao poderio das tropas paraguaias. Retirada trágica.

Pois bem. Boa parte das emoções da fuga brasileira encontra-se na cidade de Bela Vista, conforme vividas pelos que participaram da batalha de 11 de maio de 1867, no local chamado de Ñandepá (Nós acabamos ou nós chegamos ao fim).

No final da história, Brasil, Argentina e Uruguai ganharam a guerra, destroçando o Paraguai, e sua pujante economia de então, até os dias de hoje. Marca indelével da história americana, assistida ao longe pela interessadíssima Inglaterra.

Lembra o senador Waldemir Moka, natural de Bela Vista, que coube ao tempo misturar as duas culturas, a paraguaia e a brasileira, em vários de seus aspectos, da música à gastronomia, do vestuário ao sotaque da gente das fronteiras entre os dois países.

Exatamente o que pode ser encontrado em Bela Vista, entusiasma-se o político, na imperdível visita que deve ser empreendida por todos os brasileiros que corretamente pensam em primeiro conhecer o país e suas marcas históricas, antes de voar pelo mundo afora.

Indispensável, portanto, ir até Bela Vista, deixando-se ficar um pouco a absorver os eflúvios históricos ao pé do Monumento à Batalha do Nhandipá, exatamente onde tombaram heróis das duas pátrias naquela guerra totalmente infeliz.