Análise: gol anulado à parte, Palmeiras confirma poder de reação e faz tempos distintos

Até outro dia, torcida não podia esperar grandes mudanças dentro da partida
Quem só viu o primeiro tempo deve se perguntar como o Palmeiras conseguiu empatar por 1 a 1 (e quase virar o placar) contra o Internacional, no último domingo. Quem só viu o segundo tempo não deve imaginar o quão ruim foi a atuação do time de Mano Menezes antes do intervalo.

Foram dois tempos bem distintos, o que até outro dia, sob comando de Luiz Felipe Scolari, não acontecia. A equipe tinha muita dificuldade para mudar o cenário de um jogo, principalmente se saía atrás no placar.

Basta pegar na memória a própria eliminação para o Inter na Copa do Brasil ou a queda para o Grêmio na Libertadores.

É a segunda vez em seis jogos com Mano que o Palmeiras mostra poder de reação. Tinha sido assim já na estreia do treinador, na vitória de virada sobre o Goiás – a última virada, a propósito, havia acontecido com Roger Machado, mais de um ano atrás.

Como foi o primeiro tempo
O Palmeiras foi encurralado, levado às cordas. Atualmente orientada a não fazer ligações diretas para o ataque, a defesa tentava sair jogando pelo chão, mas se via incapaz de fugir da marcação alta do Inter.

Durante a transmissão da TV Globo, o repórter Marco Aurélio Souza relatou o desespero de Mano na área técnica com o fato de a saída de bola passar por um Felipe Melo posicionado de costas para o ataque, o que facilitava ao adversário tomar a bola.
Na transmissão do Premiere, o comentarista Alexandre Lozetti alertou para o fato de que os homens de frente, entre eles o meia Gustavo Scarpa – que mais tarde trocou de posição com Dudu –, se aproximavam pouco. Faltava justamente apoio e opções de passe a Felipe Melo, a Bruno Henrique e aos zagueiros palmeirenses.

Com mais posse de bola para o Inter, grande parte dela no campo ofensivo, o gol amadurecia a cada nova jogada. Weverton e a trave adiaram o quanto foi possível, mas, depois de um drible em Felipe Melo na entrada da área, Nico López cruzou para Patrick ganhar de Marcos Rocha pelo alto e marcar de cabeça.

O que mudou no segundo tempo
Talvez até pelo conforto da vantagem criada, mas muito provavelmente também pelo desgaste do ritmo acelerado na etapa inicial, o Inter permitiu que o Palmeiras começasse a ganhar terreno já nos minutos finais antes do intervalo. No vestiário, Mano mudou o time.

A começar pela entrada de Willian, até então poupado devido ao desgaste físico da sequência de partidas, no lugar de Hyoran, que pouco contribuiu até mesmo defensivamente. Foi a primeira vez desde que chegou ao clube que o treinador fez a primeira substituição já no intervalo, e não no decorrer do segundo tempo.

Nos dois primeiros minutos, Gustavo Scarpa, muito sumido na metade inicial do jogo, foi o autor das duas primeiras finalizações corretas do Palmeiras. Pouco para o que Mano pretendia, tanto que o meia foi sacado pouco depois para a entrada de Lucas Lima. Pouco, mas uma mostra de que, no vestiário, Mano foi além de anunciar uma alteração.

– Pode ter certeza de que o Mano não quis expor (na conversa fora do ar com a reportagem, no retorno do intervalo), mas certamente deu um puxão de orelha no intervalo. Porque o ânimo é completamente diferente – observou o comentarista Caio Ribeiro.
De fato, o poder de reação se confirmou. Foi com Willian, muito mais agressivo do que Hyoran, que o Palmeiras chegou ao empate, aos 12 minutos. Foi passando também por um pivô de Willian que, aos 39 minutos, o Palmeiras chegou à virada, em gol (posteriormente anulado, com revisão do VAR) de Bruno Henrique.A anulação gerou polêmica, mas foi correta, segundo os comentaristas de arbitragem do Grupo Globo, porque, de forma intencional ou não, há um toque no braço de Willian antes de a bola cair nos pés de Lucas Lima para a assistência final.

Isso à parte, o Palmeiras segue a três pontos do líder, o Flamengo. E com mostras de que consegue reagir.

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