Vulneráveis negam ajuda e preferem viver nas ruas de Campo Grande

Cresce cada vez mais o número de moradores de rua em Campo Grande, mesmo sendo oferecida ajuda diariamente na cidade. 

A SAS (Secretaria de Assistência Social) afirma que oferece Serviço Especializado em Abordagem Social 24 horas por dia, mas nem sempre, a ajuda é aceita. 
Na rua há 40 anos, Moisés Pereira, 47 anos, diz que veio de Porto Velho e não aceita nem mesmo a ajuda dos filhos. 

“Eu separei da mulher e fui para a rua. Não incomodei ela, não queria ser preso, então eu fui para a rua. Primeiro eu fui para Ponta Porã, depois vim para Campo Grande. Eu trabalhava de pedreiro antes. Meu único vício é cachaça. Não quero ajuda, não vou morar com meus filhos, não quero incomodar eles. Eu  já sou até avô, sou pai de quatro filhos, dois moram aqui”, disse Moisés. 

É comum a equipe da SAS encontrar andarilhos como Moisés, que não aceita deixar a rua. A Secretaria aborda diariamente pessoas que utilizam espaços públicos, praças, entroncamentos de estradas, terminais de ônibus, entre outros locais. 

“As abordagens sociais acontecem nos sete dias da semana, incluindo feriados e finais de semana.  O SEAS atua de forma contínua e programada, com propósito preliminar de estabelecer vínculos com os usuários e assegurar trabalho social de abordagem e busca ativa que identifique, nos territórios, a incidência de trabalho infantil, exploração sexual de crianças e adolescentes, situação de rua, dentre outras, construindo com o processo de saída das ruas e possibilitando condições de acesso à rede de serviços e a benefícios assistenciais, sensibilizando a pessoa abordada sobre o risco social, situação de vulnerabilidade que se encontra neste momento e oferecendo o acolhimento institucional ou encaminhamento para tratamento da dependência química em Comunidades Terapêuticas por meio da parceria com a Subsecretaria de Direitos Humanos – SDHU”, disse a assessoria da Secretaria. 

A equipe tenta conversar e orientar os andarilhos, para que deixem a vida na rua. 

Foto: Silas Lima

“A abordagem social constitui-se em um processo de trabalho planejado de aproximação, escuta qualificada e construção de vínculo de confiança com pessoas e famílias em situação de risco pessoal e social nos espaços públicos para atender, acompanhar e mediar acesso à rede de proteção social por meio da equipe do serviço e/ou denúncias da população e/ou por meio de busca ativa nos territórios. Durante a abordagem, as equipes do SEAS orientam sobre a proibição de permanecer nos semáforos com menores de idade, conforme preconiza a Legislação Brasileira e o Estatuto da Criança e do Adolescente. Dependendo da situação, também é acionado o Conselho Tutelar”, diz a assessoria.

Desde janeiro de 2020, até outubro de 2021, o Seas já acordou mais de 3 mil pessoas. No total, 3,5 mil passaram pelas unidades de acolhimento nesse período. 

A Rede de Assistência Social do Município conta com quatro unidades de acolhimento às pessoas em situação de rua:  

Unidades/Serviços de Acolhimento Institucional

Unidade de Acolhimento Institucional para Adultos e Famílias – UAIFA I (ANTIGO CETREMI)

Público: Migrantes, Imigrantes e/ou Estrangeiros e População em Situação de Rua.

Endereço: Rua Jornalista Marcos Fernandes, S/Nº – Bairro Jardim Veraneio / Parque dos Poderes;

Capacidade de Atendimento: Até 100 pessoas

Unidade de Acolhimento Institucional para Adultos e Famílias – UAIFA – II

Público: Migrantes, Imigrantes e/ou Estrangeiros e População em Situação de Rua.

Endereço: Rua Romeu Alves Camargo nº 73 – Bairro Tiradentes.

Capacidade de Atendimento: Até 80 pessoas

As  Unidades de Acolhimento Institucional para Adultos e Famílias – UAIFA I e II constituem-se de unidades de referência da SAS, da Superintendência de Proteção Social Especial – SPSE e da Gerência da Rede de Proteção Social Especial de Alta Complexidade – GAC de natureza pública e estatal do Sistema Único de Assistência Social – SUAS, previstas no Decreto Nº 7.053/2009 que institui a Política Nacional para a População em Situação de Rua, e por meio da Resolução nº 109/2009 que aprova a Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais.

As UAIFAS I e II voltam-se especificamente, ao Acolhimento Institucional especializado à população em situação de rua, migrantes, imigrantes e/ou estrangeiros, e tem como finalidade oferecer acolhimento a Adultos, Famílias e Indivíduos em Situação de Rua e Processo de Migração.

De acordo com a Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais, aprovada por meio da Resolução CNAS nº 109/2009 este Serviço configura-se como acolhimento provisório com estrutura para acolher com privacidade pessoas do mesmo sexo ou grupo familiar.

As UAIFAS I e II são unidades de acolhimento imediato e emergencial para Adultos, Famílias e Indivíduos em Situação de Rua e Processo de Migração. Trabalha na perspectiva de atender a demanda específica, verificando a situação apresentada e assim realiza os devidos encaminhamentos. Dispõe de equipe especializada para atender e receber usuários a qualquer horário do dia ou da noite e realiza estudo de caso para os encaminhamentos necessários.

A Política de Assistência Social no município de Campo Grande ainda conta com a Rede Socioassistencial parceira e por ela cofinanciada na modalidade de Casa de Passagem, sendo elas:

Entidades de Assistência Social – OSC / Cofinanciada pela SAS / Acolhimento Institucional em Casa de Passagem

Casa de Passagem Resgate

Público: Migrantes, Imigrantes e/ou Estrangeiros, Idosos e Famílias em Situação de Rua.

Endereço: Travessa Pepe Simioli nº 96 – Centro

Capacidade de Atendimento: 80 pessoas

Casa de Apoio aos Moradores de Rua São Francisco de Assis.

Público: Adultos do sexo masculino

Endereço: Rua Monte das Oliveiras, nº 113 – Bairro Center Park.

Capacidade de Atendimento: 50 pessoas

A SAS orienta a população, ao encontrar uma pessoa em situação de rua, a entrar em contato pelos telefones do SEAS que funcionam 24 horas (67) 98404-7529 ou 98471-8149.

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