Vereadores reeleitos acreditam em conciliação entre Legislativo e Executivo na próxima gestão

Reportagem do Portal Correio do Estado conversou com 10 dos 11 reeleitos

Vereadores reeleitos em Campo Grande acreditam que a renovação da Câmara é resultado de vários fatores como o aumento do número de candidatos, escândalos de corrupção envolvendo políticos e até a falta de diálogo entre a Câmara e a Prefeitura. Apesar de terem saído vitoriosos nas urnas, eles são unânimes em dizer que o momento é de reflexão.

Durante a sessão realizada nesta terça-feira, a reportagem do Portal Correio do Estado conversou com 10 dos 11 reeleitos e abaixo você confere a avaliação deles sobre o resultado das eleições.

Para Paulo Siufi (PMDB), o resultado das urnas precisa ser analisado por todos os políticos. “É momento de reflexão para avaliar. As pessoas votam de forma democrática e secreta. A gente tem que absorver tudo isso. Política é isso”.

Carlão (PSB) diz que “É uma renovação grande, mas, os votos foram diminuídos também pelo número de candidatos. A campanha foi difícil de fazer. Doei 16 mil brinquedos em 2015, cadeira de rodas foram mais de 30, caixão mais de 40. Se eu não tivesse feito esses trabalhos, que não são papel de político, teria perdido a eleição”.

Para o vereador, a falta de harmonia entre os vereadores e o prefeito também foi determinante para o resultado. Isto porque, segundo ele, os eleitores atribuem muitas funções do Executivo ao Legislativo.

“Essa briga dos poderes tem que terminar e o povo tem que saber qual é o papel do político. Estou sendo cobrado por um papel que não é meu, mas, entendo que tenho que orientar mais esse povo. Chamar e mostrar a importância do voto”, pontuou se referindo ao alto índice de eleitores que se abstiveram de votar nestas eleições.

Gilmar da Cruz (PRB) também acredita que a pulverização tenha prejudicado a reeleição de alguns candidatos. “As pessoas querem renovar, tudo se renova, nada é para sempre. Vieram muitas pessoas evangélicas para a Câmara Municipal, veio da Polícia Federal, ligado ao Juiz Federal. Deu para perceber que a população espera que esses novos, que vieram juntamente com pastores, façam um trabalho limpo para que a cidade venha desenvolver, venha crescer. Então acredito que essa renovação veio do desejo da população por uma mudança”, disse.

Questionado sobre a relação entre os vereadores e o futuro chefe do Executivo, Gilmar acredita que “não tenha como ficar pior do que está. Acredito que a própria legislatura será infinitamente melhor do que essa”, pontuou.

Otávio Trad (PTB) fez avaliação positiva do trabalho que exerceu na Câmara nos últimos quatro ano e considerou esta renovação dos vereadores como algo natural. “Sabemos do desgaste da classe política e isso foi determinante na cabeça do eleitor”. Sobre o perfil dos novos vereadores, Trad acredita que vão contribuir para a qualificação da Câmara.

Dr. Lívio (PSDB) comentou que “tinha um ponto de interrogação” na mente, antes do resultado das eleições. Ele analisou o resultado das eleições como “penalização” das duas instituições: da prefeitura, porque o atual chefe do Executivo não conseguiu votos suficientes nem para disputar o segundo turno, e da Câmara já que apenas 11 dos 29 vereadores foram reeleitos.

“Se encerra um ciclo, com prós e contras, e tem início um novo, inclusive com a representação de outros partidos. A esperança está renovada”.

Eduardo Romero (Rede) considerou preocupante o número de abstenções e votos nulos nesta eleição. “Foi completamente diferente de todas as outras e tem muito para ser compreendida pela classe política, não só em Campo Grande, mas, no país inteiro”. Ele ressaltou que esse tipo de protesto não é inteligente porque “não permite renovação ou mudanças”. “As pessoas precisam recuperar a vontade de participar da política porque a política é o espaço de tomada de decisão”, completou.

Sobre a renovação na Câmara dos Vereadores ele pontuou que “foi a vontade das pessoas, foi a vontade da população. Acho que é uma nova legislatura, é um novo desenho, é um novo cenário e sempre com novas demandas porque a sociedade é dinâmica e é isso que a classe política precisa entender”.

Para Ayrton Araújo (PT), esta renovação está relacionada aos escândalos de corrupção envolvendo políticos, em especial depois das operações Coffee Break e Lama Asfáltica. “A sociedade está de olho aberto, a sociedade mostrou que está de olho nos políticos”.

Mas o vereador chamou atenção para expectativa em relação aos novos eleitos. “Vem vereador normal. Não vem nenhum salvador da pátria aí. Não vem nenhum super herói para cá”.

Araújo alertou ainda para o clima de animosidade vivenciado na última legislatura. “Acredito que a Câmara Municipal com o próximo prefeito tem que ter trabalho republicano, tem que ter harmonia. O povo não pode ficar pagando o resto da vida por ‘acordinho’ de Prefeitura com Câmara para poder aprovar os projetos”.

Chiquinho Telles (PSD) resumiu a legislatura em uma frase: “Não existe vereador bom, onde não tem Executivo que executa”. Ele explicou que, durante a campanha de reeleição, os vereadores precisaram explicar essas questões. “O meu papel eu fiz, mas, será que o Executivo fez o dele? Quem tem a chave do cofre na mão é ele”, disse.

Ele analisou a renovação da Câmara como uma vontade da sociedade em moralizar a política, o que ajuda a explicar a vitória de evangélicos e de um agente da Polícia Federal.

Cazuza (PP) declarou que, apesar de Bernal não ter sido eleito, o partido se fortaleceu com a vitória de três vereadores. “O povo está mais atento hoje. A população está mais exigente. Temos novos nomes, acredito que são bons nomes”.
Opinião semelhante é a do vereador Betinho (PRB). “A população, de fato, mudou. O brasileiro está mais politizado, pensando mais em política”.

Presidente da Câmara, o vereador João Rocha (PSDB), estava na sessão, mas, a equipe de reportagem não conseguiu contato.

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