Vazamentos deixam 80 famílias e posto de saúde de aldeia sem água

Pelo menos 80 famílias e o posto de saúde da aldeia Bororó, que junto com a aldeia Jaguapiru forma a reserva indígena de Dourados, está sem água. A constatação foi feita por técnicos do DSEI (Distrito Sanitário Especial de Saúde Indígena) durante levantamento nesta quinta-feira (23). O número de famílias desabastecidas deve aumentar, já que o trabalho foi feito apenas na Bororó e na semana que vem chega à outra parte da reserva.

Técnicos do DSEI se reuniram com agentes indígenas de saneamento da Bororó para constatar os locais onde há falta de água e encontrar soluções para o problema. “Constatamos aproximadamente 80 famílias e também o posto de saúde sem água na Bororó. O problema na unidade de saúde vamos resolver de imediato e os demais na medida em que chegarem os materiais que solicitamos ao Ministério da Saúde”, afirmou o engenheiro Celso Hirahata, do DSEI.

Segundo ele, o problema principal não é a falta de água, mas sim os vazamentos e desperdícios, que ultrapassam 30% na reserva indígena de Dourados.

“Temos 85 mil metros de rede enterrada aqui na aldeia. Porém, existem muitas ligações clandestinas, além de inúmeros vazamentos, o que faz com que a pressão diminua e o produto não chega às partes mais altas”, explicou Hirahata.

Os agentes de saneamento vão atuar para acabar com as ligações clandestinas. Oficialmente, a aldeia Bororó tem 1.582 residências com ligação de água, totalizando 6.948 pessoas. “Na verdade, estão sendo disponibilizados 150 litros por pessoa/dia, quando na zona rural, a média que uma pessoa usa é de 100 litros dia”, explica Hirahata. Isso ocorre por causa de ligações clandestinas.

Problema em Brasília – Através da assessoria de imprensa, o deputado federal Geraldo Resende (PSDB) disse que cobrou em Brasília uma solução para a falta após receber reclamações de lideranças indígenas sobre a questão. “Fico feliz ao ver que as autoridades estão tomando providências para oferecer melhores condições de vida aos índios”, afirmou.

O problema da falta de água na reserva de Dourados é antigo. Constantemente, as famílias são obrigadas a pegar água em córregos e açudes das redondezas, correndo o risco de contaminação por agrotóxico.

A rede de abastecimento é antiga e apresenta vazamentos. No ano passado, as bombas de sucção de dois poços queimaram e ficaram paradas por várias semanas. Lideranças indígenas afirmam que apenas medidas paliativas são adotadas e logo o desabastecimento volta a ocorrer.

Helio de Freitas, de Dourados