Um mês depois, polícia continua sem pistas sobre irmãos desaparecidos em Ponta Porã

Continua na “estaca zero” a investigação da polícia sobre o desaparecimento dos irmãos Rodnei Campos dos Santos, 27, e Ednei Bruno Ortiz Amorim, 20, ocorrido em 12 de agosto em Ponta Porã. Embora várias pessoas tenham sido ouvidas e diligências feitas, o titular da DEH (Delegacia Especializada de Homicídios), delegado Márcio Obara, admitiu na semana passada que o caso avançou pouco, por falta de pistas concretas, e que não tem previsão de quando as investigações serão encerradas.

Rodnei e Ednei – o primeiro com antecedente criminal por tráfico de drogas e o outro sem passagem pela polícia – foram vistos pela última vez por volta de 11h40 de 12 de agosto, quando eram abordados por quatro policiais do DOF (Departamento de Operações de Fronteira) no pátio de um posto de combustíveis, na saída para Antônio João.

Imagens gravadas pela câmera de segurança do posto mostram o momento em que Rodnei foi colocado no compartimento traseiro da viatura e Ednei colocado no banco traseiro do carro que os irmãos usavam, um Golf preto, junto com três policiais, um deles dirigindo o veículo. Em seguida, a viatura e o Golf deixaram o posto e os irmãos não foram mais vistos.

Outro vídeo, gravado em uma borracharia na margem da MS-141, mostra a viatura e o Golf seguindo em direção ao distrito de Nova Itamarati. Familiares e amigos dos irmãos, apoiados por bombeiros e guardas municipais da cidade, fizeram várias buscas em matas e lagoas no distrito, mas nenhuma pista foi encontrada.

O carro, encontrado abandonado no lado paraguaio no mesmo dia do desaparecimento, ficou três semanas apreendido na sede regional da Polícia Nacional do Paraguai e recentemente foi entregue à Polícia Civil e levado para a Delegacia Regional, em Ponta Porã. Obara disse que o carro passaria por perícia. No dia que o Golf foi encontrado, os policiais paraguaios localizaram dentro do veículo o boné e o par de tênis de Rodnei.

O DOF também investiga o caso através de um IPM (Inquérito Policial Militar), instaurado quatro dias após o desaparecimento. A investigação é conduzida por um major da PM. Hoje (13), a assessoria de comunicação do DOF informou que o prazo para conclusão é de 40 dias, podendo ser prorrogado por mais 20 dias. O DOF não informou, no entanto, se o IPM será prorrogado. Os quatro policiais envolvidos no caso estão afastados das funções.

Família protesta – Familiares dos irmãos Rodnei e Ednei reclamam da falta de informações por parte da polícia. “Eles não falam nada, não fazem buscas. Achamos que a polícia ia procurá-los, mas nada acontece. O carro foi devolvido pelo Paraguai e nem isso eles falaram”, afirmou hoje ao Campo Grande News uma prima dos irmãos desaparecidos.

Para acompanhar as investigações, no dia 28 de agosto, A OAB-MS (Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional Mato Grosso do Sul) criou uma comissão, conduzida pelo presidente da entidade em Ponta Porã, Luiz Renê do Amaral.

Os outros membros são o presidente da subseção da OAB em Dourados Fernando Duque Estrada, Grace Georges Bichar, Claudio Rojas, Kamila Bitencourt, Silvânia Fernandes e Fernanda Primiani.