Izabela Jornada
Mais de 130 alunos do Curso de Licenciatura em Educação no Campo da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) protestam em frente a sala da reitoria do Campus da universidade pedindo para que a licenciatura não se torne Educação à Distância (EaD). O curso é presencial há mais de três ano e meio e, de acordo com manifestantes, o reitor professor Marcelo Augusto Santos Turine declarou que é necessário tornar o curso em EaD devido ao custo da licenciatura ser alto.
O aluno Thiallen Vinícius Félix da Silva, de 20 anos, disse que anteriormente o curso recebia incentivos do Governo Federal, proveniente do Ministério da Educação (MEC). “Mas cortaram tudo há um ano e meio. Tínhamos hotel, alimentação e transporte de graça. Agora temos que dormir no alojamento do Morenão. Dormimos em um colchão muito pequeno, as condições são precárias e a comida é por nossa conta”, contou Félix que mora em assentamento que fica há 60 km de Bodoquena.
O curso teve apenas duas turmas, a primeira se forma agora em agosto de 2018 e a segunda em dezembro deste ano também. A reivindicação dos alunos e colaboradores é de que a universidade abra vestibular para que o curso presencial não seja extinto. “Não queremos EaD, à distância é desmotivador. Queremos que continue presencial. Não é verdade o que o reitor diz. O curso não é caro, não gera ônus para a universidade. Somos como outros alunos aqui”, justificou Félix.
A maioria dos alunos do curso são moradores de assentamentos, movimentos rurais e acampamentos do Estado. De acordo com a diretora nacional do Movimento Sem Terra (MST), Marina Ricardo Nunes, nos pequenos municípios não tem cursos e a luta para que a Licenciatura em Educação do Campo fosse aberta em Campo Grande foi uma vitória muito grande para acabar agora.
Manifestantes levaram caixão para simbolizar a morte do curso. A primeira coordenadora da licenciatura, Mirian Lages estava presente para apoiar o manifesto. Além da coordenadora, integrantes do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios de Mato Grosso do Sul (Sintect-MS) também cooperaram com o protesto.
A presidente do Sintect, Elaine Regina de Souza Oliveira disse que a luta dos alunos do curso no Campo é semelhante à luta que os trabalhadores enfrentam. “Nós também estamos lutando para que o Governo Federal se sensibilize e não privatize os Correios”, declarou.
A reportagem enviou email para o reitor da universidade, mas até o fechamento dessa matéria não teve respostas.