Sem mencionar prisões, Temer defende liberdades individuais na posse de novos ministros

O presidente Michel Temer deu posse aos novos ministros dos Transportes, Portos e Aviação Civil, Valter Casimiro Silveira, e da Saúde, Gilberto Occhi, nesta segunda-feira (2), em cerimônia no Palácio do Planalto.

Também tomou posse, na mesma solenidade, o novo presidente da Caixa Econômica Federal, Nelson Antônio de Souza, que era vice-presidente de Habitação do banco. Ele substitui Occhi, que na cota de indicados do PP, foi deslocado do comando da Caixa para o Ministério da Saúde.

Outros ministros ainda deverão deixar suas pastas nesta semana, quando vence o prazo para aqueles que vão disputar as eleições se descompatibilizarem do cargo.

As trocas na equipe ministerial se dão em meio à repercussão das prisões de amigos do presidente Michel Temer na operação Skala, que investiga irregularidades no setor de portos e resultou nas prisões temporárias de dois amigos do presidente – o advogado José Yunes, ex-assessor especial da Presidência da República, e João Baptista Lima Filho, ex-coronel da Polícia Militar de São Paulo. Os dois e outros 8 investigados foram soltos neste sábado (31) por decisão judicial.

No evento no Palácio do Planalto, o presidente não mencionou as prisões. Em discurso, ele ressaltou que as liberdades individuais devem ser respeitadas.

Ele disse ainda que as instituições e o país estão acima das pessoas. “Acima de todos nós, está o país. Acima de todos nós, estão as instituições. Por isso eu preservo as instituições”, disse.

“Nós colocamos lá [na Constituição]: o Brasil é um Estado Democrático de Direito. A mensagem que se deu, nós, como servos da Constituição: ‘Olha, conduza-se pelos termos desta Constituição, não saia dela, porque sair dela é desviar-se dos propósitos democráticos'”, completou o presidente.

Apoio ao governo

O novo ministro da Saúde, Gilberto Occhi, e o antecessor, Ricardo Barros, elogiaram o governo do presidente Michel Temer ao serem questionados por jornalistas sobre o desgaste da Operação Skala, que resultou na prisão temporária de dois amigos do presidente, um ex-ministro e empresários.

Após a solenidade, Occhi e Barros, ambos indicados pelo PP, foram perguntados por jornalistas sobre a defesa do governo, em meio aos desdobramentos da Operação Skala e do risco de uma eventual terceira denúncia apresentada pela Procuradoria Geral da República (PGR) contra Temer.

Occhi, que estava na presidência da Caixa e assumiu a pasta da Saúde, afirmou que defende as “vitórias” de Temer e citou indicadores econômicos, como a queda da inflação e a aprovação do teto de gastos.

“Todos são inocentes até que se prove o contrário. Não podemos fazer um julgamento precipitado das pessoas que foram ouvidas”, disse Occhi.

De acordo com o blog do jornalista Valdo Cruz, colunista do G1, a operação gerou no governo o temor de que o presidente possa vir a ser alvo de uma terceira denúncia da PGR. As duas denúncias apresentadas no ano passado foram barradas pela Câmara dos Deputados.

Barros, que deixou o Ministério da Saúde para voltar à Câmara e disputar um novo mandato nas eleições de outubro, afirmou a jornalistas que o momento no governo é de “tranquilidade”.

G1