Sem consenso, exército egípcio pode dissolver parlamento, diz agência

As forças armadas do Egito planejam suspender a Constituição e dissolver o Parlamento, atualmente dominado pelos islamitas, segundo um esboço que pode ser seguido se o presidente Mohamed Morsi e a oposição não chegarem a um acordo até esta quarta-feira, segundo fontes militares ouvidas pela agência Reuters.

O Conselho Supremo das Forças Armadas ainda estava discutindo detalhes desse plano, que tem o objetivo de resolver a crise política que paralisa o país, com milhões de manifestantes nas ruas contra o governo.

Mais cedo nesta terça, a oposição egípcia afirmou que não apoiaria um “golpe de Estado militar” e considerou que o ultimato do exército ao presidente Morsi não significa que os militares queiram desempenhar um papel político.

“Não apoiamos nenhum golpe de Estado militar”, afirma em um comunicado a Frente de Salvação Nacional (FSN, principal coalizão opositora).

A FSN destaca “confiar na declaração do exército” de que não deseja envolvimento na política.

Ainda nesta terça, o ministro de Relações Exteriores do Egito, Mohamed Kamel Amr, apresentou sua renúncia ao cargo, agravando ainda mais a crise.

Com a renúncia, já são seis os ministros do gabinete do chefe do executivo, Hisham Qandil, que abandonaram o governo nas últimas horas. Mohamed Kamel Amr é, até agora, o mais importante dos ministros que deixaram os cargos nas últimas horas.

Os titulares de Turismo, Telecomunicações, Assuntos Legais e Parlamentares, Meio Ambiente e Recursos Hídricos entregaram uma carta a Qandil na qual pedem “a queda do regime” e dizem que o presidente “não respondeu às reivindicações do povo”.

Amr foi nomeado titular das Relações Exteriores em julho de 2011, poucos meses depois da queda do regime do ditador Hosni Mubarak, em substituição do atual secretário-geral da Liga Árabe, Nabil al Araby.

Manifestantes contra Morsi dormem nesta terça-feira na praça  Tahrir  (Foto: Reuters)Manifestantes contra Morsi dormem nesta terça-feira (2) na Praça Tahrir, no Cairo (Foto: Reuters)

Estado-Maior
Outra renúncia relevante na segunda-feira (1º) foi a do ex-chefe do Estado-Maior, Sami Anan, antigo “número dois” da junta militar que assumiu o poder após a queda de Mubarak, que deixou seu cargo de conselheiro presidencial.

A praça Tahir segue ocupada, em meio à expectativa sobre os novos lances.

Obama
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, que faz uma visita à África, ligou paraMohamed Morsi e disse estar preocupado com a situação no país. Obama falou ainda que é a favor do processo democrático, e que não vai manifestar apoio a qualquer partido ou grupo egípcio.