Seleção completa 10 dias nos EUA sem ter grupo todo em nenhum treino

Nos 10 primeiros dias de trabalho, técnico ainda não trabalhou com elenco completo. Médicos falam em trabalho de prevenção, mas número de cortes preocupa

No primeiro dia de trabalho nos Estados Unidos, Dunga comemorou o fato de ter duas semanas livres para montar a equipe para a Copa América, mas avisou: era necessário ter cuidado com a carga de treinamento. A ressalva do técnico se fez presente desde o início e atrapalhou a preparação da seleção brasileira: nos nove dias de treino até aqui, o técnico não pôde contar com o elenco completo, seja por motivos de lesão, cortes ou calendário – alguns atletas se apresentaram depois.

As lesões são o grande fantasma deste início de trabalho. Ao todo, cinco jogadores foram cortados: Ricardo Oliveira (antes mesmo de se apresentar), Douglas Costa, Ederson, Rafinha e Kaká. Outros ainda requerem atenção especial: Fabinho ficou na academia na última terça-feira e só correu ao redor do gramado nesta quarta; Miranda deixou o treino de quarta antes da hora; Daniel Alves tem problema no pé, embora garanta estar em condições de disputar a Copa América.

Dos cortados, três atuam no futebol europeu. O fim de temporada no Velho Continente é tido como um dos vilões nesta preparação. No amistoso contra o Panamá, no domingo, ficou claro que os jogadores diminuíram o ritmo ao longo da partida, temendo se expor a lesões.

– Nós que jogamos na Europa sentimos um pouco, por ter jogado muitos jogos, mas a gente procura tirar isso de letra, procura jogar em nosso melhor nível – disse Willian.

Segundo o médico Rodrigo Lasmar, responsável pelo cuidado com os jogadores, há um trabalho de prevenção contra as lesões, mas Rafinha, Douglas Costa e Ederson já se apresentaram com problemas, o que dificultou a intervenção.

– Trabalho (de prevenção) existe, mas no caso dos três atletas, Ricardo, Douglas e Rafinha, não tivemos condições de fazer nada. Não houve tempo de trabalho preventivo, apenas identificar lesão, tratar e, no caso deles, serem desconvocados. Antes do treino vários jogadores vão para a academia, existe trabalho específico de cada um, temos histórico muscular deles.

Montagem atrasa

Além da questão física, há também a preocupação com a montagem do time. Em todos os treinos em que a imprensa teve acesso, Dunga só esboçou taticamente a equipe no da última quarta-feira, quando dispôs 11 jogadores em formação. Antes, esteve limitado a trabalhos em campo reduzido devido ao número de atletas à disposição.

Renato Augusto, que foi titular contra o Panamá e manteve a vaga no treino de quarta, reconheceu que a demora em ter todos os jogadores à disposição pode atrapalhar, mas afirmou que o tempo trabalhado foi produtivo.

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– Não gosto de lamentar que chegou depois. Pela qualidade do grupo a gente ainda tem tempo para trabalhar, organizar as coisas nas quais falhamos na última partida. Claro que ter o time completo o quanto antes é melhor, mas a base praticamente toda estava aqui. Deu tempo de trabalhar e passar a filosofia. É difícil ter tempo para esquematizar o jogo.

Os exemplos mais claros são Casemiro e Filipe Luís. A dupla só se apresentou na segunda-feira, após disputar a final da Liga dos Campeões. Nesta quarta, eles fizeram o primeiro trabalho com o elenco e foram colocados como titulares. Terão mais dois dias para assimilarem as ideias de Dunga.

Fonte: Ge