Seleção brasileira do técnico Tite mostra ser mais produtiva no segundo tempo

  • Estadão

O torcedor brasileiro que desistir de ver a Seleção Brasileira na Copa do Mundo se o time for mal na primeira etapa de um jogo correrá o risco de perder o melhor da festa. Isso porque o Brasil do técnico Tite é uma equipe que marca a maioria de seus gols e chega às vitórias no segundo tempo. Essa é uma característica existente desde a estreia do treinador e que pode ser observada na maior parte das 19 partidas sob o seu comando.

Detalhe: daqueles 3 a 0 sobre o Equador, no dia 1º de setembro de 2016, até hoje, pouca coisa mudou no time titular e mesmo no grupo. Dos 23 convocados para a Copa da Rússia, 15 estiveram no jogo em Quito. Nas Eliminatórias para o Mundial, o Brasil de Tite mostrou ao torcedor o quanto é válido ter paciência para acompanhar as partidas até o final. Em 12 jogos sob a batuta do treinador foram 30 gols no torneio classificatório, 19 deles anotados no segundo tempo, equivalentes a 63% do total.

A prevalência de gols na etapa final se confirma quando se acrescenta à estatística os gols dos amistosos realizados na era Tite: a quantidade de gols no segundo tempo sobe para 26 dos 42 marcados no total (62%).

A tendência de movimentar o placar na etapa final agrada ao treinador pelo fato de o time, mesmo em dificuldade, manter a concentração, a paciência e a determinação em buscar sempre a vitória. Em março, após bater a Rússia no amistoso em Moscou por 3 a 0, com todos os gols na etapa final, Tite demonstrou estar orgulhoso. “A equipe manteve o nível de concentração alto, construiu o jogo. É nosso modelo, faz triangulações, inverte, trabalha”, disse.

A manutenção da base que atuou nas Eliminatórias para a Copa confirma também que Tite, entre outros aspectos, confia em conseguir bons resultados mesmo em ocasiões em que os gols só saiam depois do intervalo das partidas.

Desde a sua primeira partida no comando, aliás, uma das exigências de Tite aos jogadores é manter a concentração durante o maior tempo possível. Naquele jogo em Quito contra o Equador, ele fez essa cobrança aos atletas no intervalo. O placar estava sem gols. Depois o Brasil fez 3 a 0.

“São situações de jogos grandes que inevitavelmente vão acontecer. Você tem que ter um nível de concentração muito alto. Jogos com esse nível de enfrentamento, se você não tiver um nível de concentração alto, (não for) mentalmente muito forte, você facilmente deixa de produzir seu melhor”, comentou Tite na ocasião.

O bom rendimento no segundo tempo também se explica por fatores como juventude e preparo físico. A média de idade da equipe titular é de 27 anos. Os jogadores são monitorados continuamente quando estão em seus clubes pela comissão técnica da CBF para que possam render ao máximo quando se apresentam à seleção.

Os dois jogadores do Corinthians convocados para a Copa, o goleiro Cássio e o lateral-direito Fagner, disseram que vão se sentir em casa na concentração da equipe na Rússia. Por atuarem no Brasil, representam uma minoria entre os 23 convocados, mas lembraram que a atual seleção tem muitos ingredientes de Corinthians.

A comissão técnica de Tite tem entre os profissionais antigos colegas de clube como o preparador físico Fábio Mahseredjian, o fisioterapeuta Bruno Mazzioti e os auxiliares Cléber Xavier, Sylvinho e Matheus Bachi. “Isso é bom para nós. Mas vejo também que na seleção tem um ambiente parecido ao que o Tite criou no Corinthians, de todo mundo se sentir em casa e ser recebido”, comentou Cássio.

Fagner explicou que a presença de corintianos na comissão técnica é reflexo dos resultados recentes positivos do clube. “Estar em um clube vitorioso, que está sempre em evidência, por estar ganhando títulos, ajuda você a se destacar”.