Segunda em incidência de coronavírus, cidade tem o pior distanciamento social de MS

Douradina já registrou 9 casos da doença, com incidência de 151,9 casos por 100 mil

Desde quinta-feira (21), a pequena Douradina –a 197 km de Campo Grande– ocupa a segunda posição estadual em incidência de coronavírus (Covid-19) entre seus quase 6 mil habitantes. Conforme a SES (Secretaria de Estado de Saúde), o município registra 151,9 casos por 100 mil habitantes, ficando atrás apenas de Guia Lopes da Laguna, onde esse índice já supera os 1.384 por 100 mil.

Como comparação, Campo Grande, com 224 casos, tem incidência de 25 casos por 100 mil habitantes. Vice nesse quesito e com 9 casos confirmados de Covid-19, os douradinenses conquistaram outro “título”: nesta sexta (22), a cidade pode ser considerada aquela com o pior índice de isolamento social de Mato Grosso do Sul.

Conforme dados da consultoria In Loco, que monitora a movimentação das pessoas em todo o país a partir do sinal de seus telefones celulares, na mesma quinta-feira em que foi o segundo em incidência, o município de Douradina viu apenas 25,6% de seus moradores aderirem às recomendações de isolamento social –como se, a cada 100 pessoas, apenas 25 ficassem em casa.

A média do Estado no mesmo dia foi de 36,7% (a segunda pior do Brasil), enquanto Rio Negro, com 57,1%, foi o município que mais aderiu ao distanciamento social na quinta-feira. O distanciamento é defendido por autoridades de Saúde como melhor opção para o enfrentamento à Covid-19: sem a circulação de pessoas e possíveis portadores do coronavírus pelas ruas e estabelecimentos comerciais, evita-se o espalhamento da doença.

O coronavírus chegou a Douradina a partir de trabalhadores do frigorífico JBS/Seara, na vizinha Dourados, que tiveram contato com outros funcionários contaminados e também contraíram a Covid. O município também monitora dezenas de pessoas em isolamento social para tentar conter o avanço da doença na cidade e nas aldeias.

Além disso, foram adotados protocolos mais severos de segurança na cidade: o toque de recolher passou a ocorrer das 21h às 5h, sendo autorizada circulação de pessoas apenas para deslocamento ao trabalho e consumo de bens e serviços essenciais.

O consumo local em estabelecimentos comerciais foi barrado, sendo autorizada a presença de apenas uma pessoa por família (vetando o acesso daqueles do grupo de risco) nesses locais; e até 1º de junho está proibido o funcionamento de mercados, bares e congêneres aos domingos.

A Prefeitura de Douradina também realizou blitze educativas de olho na possibilidade de transferência comunitária, na sede do município e nos distritos de Bocajá, Cruzaltina e Vila Sapé. Os moradores foram orientados a evitarem sair de casa e, caso seja preciso, que o façam tomando as medidas necessárias –como o uso de máscara, já obrigatório na cidade, e não participando de rodas de tereré e manter as mãos higienizadas.

Receita x despesa

Demonstrativo divulgado na quarta-feira (20) apontava que a Prefeitura de Douradina recebeu, até aqui R$ 23.061,93 do Governo Federal para ações contra a Covid-19. No entanto, as despesas já superam os R$ 202 mil, bancados com verbas próprias.

Foram gastos R$ 26.722,70 com medicamentos; R$ 55.400 com testes rápidos; R$ 60.800 com álcool, toucas e luvas; R$ 3 mil com óculos protetores; R$ 55 mil com máscaras de proteção e outros R$ 2.400 com outros EPIs (equipamentos de proteção individual).

A administração do prefeito Jean Sérgio (PEN) veio a público contestar o recebimento de R$ 1 milhão da União para despesas na pandemia –haveria uma movimentação para liberação de valores, mas sem confirmação até aqui. Outros R$ 300 mil, advindos de emendas parlamentares, são usados no custeio da pasta.

A reportagem não conseguiu contatar o prefeito para comentar as informações sobre o contágio por Covid-19 em Douradina.

midiamax