Secretária-adjunta pede ‘testemunho’ de recuperados do coronavírus para alertar população

Christinne Maymone pede que pessoas que sofreram com a Covid-19 deem seus relatos sobre as dificuldades enfrentadas com doença que já tem 858 casos no Estado

Com o avanço do coronavírus já registrando mais de 50 casos diários em Mato Grosso do Sul e o isolamento social no Estado se mantendo entre os piores do Brasil, a secretária-adjunta de Saúde, Christinne Maymone, fez um apelo neste sábado (23) às pessoas que já se recuperaram da Covid-19. A proposta é que as pessoas que venceram o vírus deixem seus relatos sobre a experiência de contágio, sendo mais uma forma de alertar a população sobre os perigos que o vírus representa.

Embora a doença continue a registrar mais casos e o isolamento social se mantenha baixo, Mato Grosso do Sul ainda é o Estado brasileiro com menos casos de coronavírus. Até as 10h deste sábado, eram 858 pessoas infectadas e 17 óbitos, além de cerca de 2 mil casos que ainda aguardam fechamento –para serem confirmados ou descartados.

Tais números têm gerado alertas constantes das autoridades de Saúde locais sobre uma “falsa sensação de segurança”, como se a Covid-19 já estivesse controlada. Porém, a expectativa é de que a doença ainda avançará mais, com projeções apontando, por exemplo, que o pico dos casos em Campo Grande ocorreria apenas em 12 de setembro.

Diante da dificuldade em se sensibilizar a população a aderir às medidas de prevenção –que incluem o distanciamento como forma de evitar que as pessoas circulem e tenham contato com potenciais portadores do coronavírus ou mesmo o uso de máscaras e da higienização das mãos–, Christinne Maymone sugeriu neste sábado que a “voz da experiência” dos 296 contaminados que já se recuperaram alerte as pessoas sobre os efeitos da Covid-19 no organismo.

“Você que já experienciou, já teve a doença coronavírus e está recuperado com sua família, e também você que está com a doença e em processo de isolamento domiciliar, o apelo agora é que você testemunhe às pessoas ao seu redor, aos amigos, aos familiares, por meio das redes sociais, o quanto é difícil estar com essa doença e o quanto percebe que é grave essa doença”, disse a secretária-adjunta, durante live para atualização dos números da Covid-19 no Estado.

“Meu apelo é que, com o seu testemunho, possa nos ajudar a que as pessoas mantenham o isolamento domiciliar pelos casos que estão experienciando a doença, e que você também possa estimular amigos de suas redes de contato a se manterem em casa, a manter em casa a pessoas sadias também. Esta é a nossa única vacina neste momento”, prosseguiu Christinne.

“Por favor, vamos criar uma corrente em que possamos nos estimular, não só profissionais de Saúde, mas você que, infelizmente, teve a doença e se recuperou. Você e sua família hoje são chamados a nos ajudar nessa corrente. Precisamos destes depoimentos para que consigamos melhorar as taxas de isolamento, que estão cada vez menores em Mato Grosso do Sul”, finalizou.

Isolamento e frio

Dados da consultoria In Loco, que monitora a movimentação das pessoas a partir de sinais de telefonia celular, mostram que o Estado melhorou a posição que ocupa no ranking nacional de isolamento social, saindo da 26ª para a 23ª posição na sexta-feira (23) –mais porque outros Estados pioraram do que, necessariamente, por uma maior conscientização da população sul-mato-grossense.

O percentual de pessoas que ficou em casa foi de 37,7%, dentro da margem registrada nos dias anteriores –38,1% (segunda-feira), 37,5% (terça), 36,5% (quarta) e 36,7% (quinta). O problema é que, para ser eficiente, o isolamento social deve ficar entre 60% e 70%.

“Isolamento social, medidas de higiene, etiqueta social e uso de mascaras serão fundamentais no enfrentamento dessa doença. Se aqui há menos casos do País, é resultado de um conjunto de ações que possibilitaram que chegássemos a esse controle da doença”, disse o secretário de Estado de Saúde, Geraldo Resende.

O alerta chega em um momento no qual Mato Grosso do Sul se prepara para um aumento ainda maior no volume de casos, graças à chegada do frio –as temperaturas mais baixas entre maio e julho favorecem o surgimento de síndromes gripais e respiratórias, caso do coronavírus. “Agora, certamente, estamos enfrentando um crescimento muito grande [no volume de casos] nos últimos 10 dias”, arrematou Geraldo.

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