Pragmatismo x show: Palmeiras de Felipão e Santos de Sampaoli opõem receitas de sucesso

Duas das melhores campanhas do Campeonato Paulista medirão forças às 17 horas (de Brasília) de sábado. Sensação e dono do melhor ataque da competição, o Santos vai à arena do Palmeiras enfrentar um rival que, como no recém-conquistado título brasileiro, sofre pouquíssimo defensivamente.

– O Felipão é um cara mais pragmático, que conserta suas equipes, que monta suas equipes pensando na consistência defensiva, para depois tentar ganhar o jogo – define Caio Ribeiro, comentarista do Grupo Globo, antes de analisar o argentino que chegou ao Santos neste ano.

– O Sampaoli é o contrário. Ele tem mais comprometimento com o espetáculo. É um cara que pensa em atacar, em criar muitas chances de gol, para depois tentar segurar lá atrás.

Preparados com receitas diferentes, Palmeiras e Santos estão entre os melhores colocados do Paulistão. A equipe do litoral lidera a classificação geral, com 18 pontos, enquanto o time da capital empata com o RB Brasil na vice-liderança em pontos (14) e saldo de gols (cinco), mas tem menos gols marcados.

– É um jogaço. De duas equipes que vêm de momentos diferentes. Se o Santos deu uma resposta muito rápida com o Sampaoli, mesmo sem um elenco tão recheado de craques, o Palmeiras tem a continuidade de trabalho do Felipão, um sistema de jogo já definido, e joga em casa – opina Caio Ribeiro.

– Em clássico, a gente está cansado de ver, às vezes acontece até o improvável. O Santos vive um ótimo momento, o Palmeiras também. Pelo fato de ser na arena, tem uma leve vantagem para o Palmeiras, mas o jogo é muito parecido.

Opinião dos setoristas
Como joga o Palmeiras (por Tossiro Neto)

É uma equipe vertical, que se defende muito bem e não se envergonha de fazer ligações diretas ao ataque. De buscar um pivô para que ele tente segurar a bola até a chegada do restante do time, sobretudo quando esse pivô é Deyverson, que dificilmente perde alguma disputa pelo alto.

Mas Felipão tem problemas para armar seu time no momento, e Deyverson é um deles. Como o atacante tem mais quatro jogos de gancho a cumprir, o único centroavante à disposição no momento é Borja. Um centroavante cuja principal característica, a finalização, vem recebendo críticas.

O escape do Palmeiras ultimamente – e cada vez mais – tem sido a velocidade de seus pontas. Mas aí está outro problema para o clássico. Dudu terá de estar inspirado, já que Felipe Pires (que vinha sendo uma boa opção) está lesionado, e Carlos Eduardo tem colecionado fracas atuações.

Foi um gol de Dudu, único até agora, contra o Bragantino, a jogada mais bonita do Palmeiras em 2019. Um gol que surgiu de um rápido contra-ataque, com triangulação pelo lado do campo, infiltração e finalização certeira. Para não ficar refém de chuveirinhos, o camisa 7 é peça fundamental.

Como joga o Santos (por Leonardo Lourenço)

Jorge Sampaoli assumiu o comando de um elenco desacreditado, com baixas importantes no fim da última temporada (Gabigol e Dodô) e inicialmente sem contratações, mas aproveitou a pré-temporada para montar uma equipe que priorizaria a posse de bola.

O Santos se tornou um time obsessivo por ela, em manter a bola e recuperá-la o mais rápido possível. Sampaoli tem utilizado seus laterais, geralmente Victor Ferraz e Copete, como pontas. Eles avançam muito e recebem a cobertura dos zagueiros, com a ajuda de Alison.

O volante tem papel importante no time. Com a bola, ele recua entre a dupla de zaga para iniciar a jogada, permitindo o avanço dos alas. Suspenso, será desfalque importante contra o Palmeiras, já que Yuri nunca se firmou no Santos, e Jean Lucas, recém-chegado, teve pouco tempo para se adaptar ao esquema.

O ataque santista é rápido. Sampaoli até testou centroavantes no começo da temporada: o jovem Yuri Alberto não funcionou, e Felippe Cardoso se machucou. Agora, Jean Mota (que quase deixou a Vila Belmiro nas férias e agora é o artilheiro do campeonato) se aproxima bastante da área para fazer dupla com Derlis González.

O argentino pode supreender, porém. Por causa da sequência de jogos, ele analisa a possibilidade de escalar reservas contra o Palmeiras.

Fonte – globoesporte