Post de funcionário pedindo dicas para matar gato gera enxurrada de críticas em página de empresa em rede social

G1

 

O post de um funcionário da fabricante de aviões Embraer no Facebook causou revolta dos internautas e gerou um enxurrada de críticas na pagina da empresa na rede social. A postagem no perfil pessoal dele questionava formas de torturar e matar gatos. Ativistas e simpatizantes da causa animal denunciaram o perfil do profissional e cobraram uma atitude da empresa. A Embraer informou em nota que não apoia a conduta e que trata o assunto internamente. (leia mais abaixo)

A postagem foi feita por um eletricista da empresa nesta semana. Ele queria saber como matar gatos lentamente. Na publicação ele diz “Alguém conhece alguma coisa para matar gato? De preferência lenta e dolorosa”, escreveu. A página em que ele fez a postagem foi retirada do ar.

A publicação foi denunciada em uma página de defesa dos direitos dos animais com a sugestão para que os usuários da rede social denunciassem o usuário pela publicação. Os internautas vasculharam os dados do autor do post e decidiram ir além – denunciaram o trabalhador em um post na página da empresa onde ele trabalha, cuja sede é em São José dos Campos (SP).

Nos comentários de uma das postagens da empresa que produz aviões, os ativistas cobravam uma posição da empresa sobre a postagem. Foram mais de 160 comentários com discussões sobre a postagem do funcionário. A empresa respondeu os internautas dizendo que trataria o caso com seriedade.

Por meio de nota enviada ao G1, a Embraer informou que a companhia tem um código de ética e conduta, destacou que trata-se de um comentário pessoal do trabalhador, e que o assunto está sendo tratado internamente.

Página da empresa recebeu uma enxurrada de denúncias e críticas ao funcionário (Foto: Reprodução/Facebook)Página da empresa recebeu uma enxurrada de denúncias e críticas ao funcionário (Foto: Reprodução/Facebook)

Página da empresa recebeu uma enxurrada de denúncias e críticas ao funcionário (Foto: Reprodução/Facebook)

Redes sociais

A advogada Regiano Sgorlon explicou que apesar da mobilização dos internautas, não há crime na publicação. “Esse tipo de postagem, por mais que faça sugestão, não comprova que ele tenha matado o animal. Seu questionamento não define um crime”, disse.

Em sua página, a empresa respondeu aos comentários dizendo que apurava para “tomar as medidas cabíveis”, porém, o especialista em direito trabalhista afirmou que não caberia punição da empresa – exceto se a postagem ocorreu em turno de trabalho.

“Se ele não fez isso em horário de trabalho, a empresa não tem subsídio para qualquer sindicância ou punição ao funcionário. Apesar de infeliz, a publicação na própria página sem citar a empresa é de ordem pessoal. No caso dele, o que houve foi uma punição moral”, disse.

Responsabilidade

Sobre a conduta do internauta na rede social, a especialista em comunicação digital da USP, Jaqueline Lafloufa, explicou que as pessoas podem ser responsabilizadas pelo que dizem na web.

“É sensato pensar duas vezes antes de fazer uma postagem. Se o que você tem a dizer poderia te deixar constrangido ou preocupado com a possível repercussão da sua fala, talvez seja melhor reconsiderar e evitar essa publicação”, aconselhou.

Jaqueline ainda alertou sobre o cuidado quando há relação entre a sua imagem e a de alguma empresa, quando consta no perfil do internauta que ele atua em alguma corporação. “As pessoas podem sim ser responsabilizadas pelo que dizem nos seus perfis pessoais, especialmente quando se identificam como colaborador de uma empresa”, concluiu.