Por que Santo Antônio é padroeiro de Campo Grande? Conheça a história

Para quem não é católico, quinta-feira, 13 de junho, é dia de “descanso” em Campo Grande, graças ao padroeiro da cidade, Santo Antônio, aquele que, no Brasil todo, aqui, inclusive, é conhecido por “arranjar” casamentos. Quem nunca ouviu falar das simpatias? Mas por que ele, o Santo Antônio de Pádua, ganhou esse título na cidade? O Lado B foi atrás da história.

Contam os livros, os escritos, que o santo teria nascido em Lisboa. O nome de batismo era Fernando. O menino, único herdeiro de uma família de nobres, teve uma infância tranquila, até que resolveu seguir a vocação religiosa. Em Portugal, devido aos milagres que começou a realizar, passou a ser chamado de Santo Antônio de Paduá. Tornou-se conhecido em todo mundo. Mas qual a relação dele com a Capital do Mato Grosso do Sul?

De acordo com o histórico da igreja que leva nome dele, a devoção ao santo em Campo Grande está ligada ao fundador da cidade, o mineiro José Antônio Pereira. Há 141 anos, em 1872, à procura de campos para criar e matas para lavouras, ele e uma pequena caravana deixaram Montes Claros, cidade onde, até então, residia. Partiu para o sul de Mato Grosso.

No meio do caminho, passando por Santana de Paranaíba, a comitiva foi obrigada a interromper a mudança por três meses, por conta de uma “febre maligna” que atingiu os moradores daquela região. Segundo os relatos, José Antônio, que era “prático” de farmácia e homeopata – naquela época tipo como bom médico – permaneceu no local tempo suficiente para acabar com a epidemia. Salvou muitas vidas.

“Foi ali que José Antônio, devoto de Santo Antônio de Pádua, fizera um voto: se não perdesse um só dos seus, quando aqui chegasse, faria uma igreja para o seu santo amigo, cuja imagem já trazia em sua companhia. Esta foi a origem do abençoado nome da nossa querida cidade”, diz parte do texto que integra os registros de fundação da matriz em Campo Grande.

 

Igreja foi erguida como pagamento de promessa ao santo. (Foto: Marcos Ermínio)Igreja foi erguida como pagamento de promessa ao santo. (Foto: Marcos Ermínio)

Tendo extirpado a doença, a comitiva de José Antônio chega, enfim, à nova terra e se estabelece na confluência de dois córregos, mais tarde denominados de Prosa e Segredo. Nos anos seguintes, em 1876 e 1877, o fundador da cidade dá cumprimento à promessa e constrói uma capela de pau-a-pique, que foi inaugurada no dia 4 (ou 14) de março de 1978 pelo padre de Nioaque, Julião Urquia.

A história, que ficou marcada no tempo, também foi registrada: “O mesmo padre abençoou, pela primeira vez, a capela e o povoado, celebrou três casamento e inúmeros batizados. Esta pequena capela situava-se numa ruela perpendicular a rua 26 de agosto, mas que, por atravancar passagem, foi necessário mudá-la, sendo construída em lugar próximo”.

Trinta e quatro anos depois, em 2 de abril de 1912, foi erguida a primeira paróquia de Campo Grande. Dez anos mais tarde, com a cidade já em crescimento, ela foi, novamente, demolida. Deu lugar a um templo novo, que passou a ser a Matriz de Santo Antônio.

Com o passar dos anos, a igreja ganhou novos contornos. Em 1930 foram acrescentadas duas torres. No local chegou a funcionar uma Escola Paroquial. Na década de 70, mais precisamente em 1977, a igreja foi demolida outra vez porque não oferecia condições seguras de uso.

De acordo com o histórico, o templo atual, que fica na Travessa Lydia Baís, na região central da cidade, foi constituído como catedral metropolitana em 1991, por ocasião da visita do Papa João Paulo II à Capital.

Há 19 anos, em 1994, a igreja foi consagrada pelo arcebispo Dom Vitório Pavanello. Ainda segundo os registros, desde 1912 a imagem de Santo Antônio divide espaço com a de Nossa Senhora da Abadia (devoção mineira trazida por Elizeu Ramos). Depois de 1991, como Catedral, o templo passou a dividir a titularidade. “A Matriz de Santo Antônio tornou-se Paróquia Santo Antônio – Catedral Metropolitana Nossa Senhora da Abadia”.

 

Elverson Cardozo