Parentes reagem com perplexidade a vídeo de suspeito de matar pais PMs

Parentes do casal de policiais militares achado morto na Vila Brasilândia, em São Paulo, reagiram incrédulos durante a tarde desta terça às suspeitas levantadas pelas investigações contra o adolescente Marcelo Pesseghini, de 13 anos, mas chegaram ao fim do dia perplexos ao ver o vídeo em que ele aparece deixando o carro da mãe. A Polícia Civil aponta que a hipótese principal para explicar o crime é que Marcelo tenha executado a família e cometido suicídio.

O empresário Sebastião de Oliveira Costa é tio de Andréia Regina Bovo Pesseghini, mãe do garoto. Ele disse à tarde que não acreditava que o adolescente tenha matado a família. Mais tarde, ao assistir o vídeo que mostra Marcelo deixando o carro da mãe, afirmou: “Estou surpreendido. Não esperava uma coisas destas. Se está mostrando no vídeo, infelizmente foi ele.”

 

Sandra Alves Feitosa, sobrinha de Andreia, também viu o vídeo e seguiu na opinião de que faltam mais provas.  “Acho que o vídeo é uma armação. Dá para ver que é ele, mas de alguma forma estão simulando. Não estou entendendo”, afirmou.  Mais cedo, Sandra deixava clara sua incredulidade. “Se foi a criança que fez isso, foi por uma força do mal. Era um menino muito amado, querido de todos. Nunca arrumou briga na escola”, disse Sandra.

Para Sebastião Costa, algumas supostas contradições o faziam descartar a hipótese levantada pela polícia. “A criança era uma criança sossegada. Não tem como falar um negócio desse, de que a criança fez isso”, afirmou.

Sandra  (Foto: Roney Domingos/ G1)Sandra Feitosa, sobrinha de Andreia, afirma que
família era muito unida  (Foto: Roney Domingos/ G1)

Andréia Regina Bovo Pesseghini, de 36 anos, o sargento da Rota Luís Marcelo Pesseghini, a mãe da policial militar, Benedita de Oliveira Bovo, de 67 anos, a tia da policial, Bernadete Oliveira da Silva, de 55 anos, e o filho do casal, de 13 anos, foram encontrados mortos em duas casas da família que ficam no mesmo terreno.

O tio de Andréia acreditava que o menino não sabia dirigir e mesmo que soubesse não teria condições de fazê-lo. “Pelo tamanho da criança ele não cabia dentro do carro. Ele tinha 12 anos mas era pequenininho”, afirmou. Costa não acreditava que o garoto tivesse força para sustentar a arma calibre .40. “Não tem nem lógica, uma arma daquelas, pesada”, afirmou.

Costa também disse que foi uma das primeiras pessoas a entrar na casa e a posição dos corpos o fez acreditar que a chacina tenha outra autoria.

Se foi a criança que fez isso, foi por uma força do mal. Era um menino muito amado, querido de todos”
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“Quando a gente chegou não tinha entrado ninguém ainda. Estavam todos de costas com um tiro na cabeça, na nuca. Todos, todos na mesma posição. A minha sobrinha, Andréia, estava de joelhos. As duas irmãs, na sala da casa delas. Na outra casa, estavam o Marcelo deitado de costas, a Andreia, de joelhos e o Marcelinho no canto da cama com um tiro na cabeça”, afirmou.

Segundo Costa, Bernadete, outra tia de Andreia, estava havia uma semana na casa de Benedita, se recuperando da morte do marido, policial reformado e taxista.

Cronologia da morte da família de PMs em São Paulo (Foto: Arte/G1)

Costa acreditava que era mentira a versão de que Marcelinho tivesse ido para a escola. “Isso é mentira porque quando entrei na casa o telefone tocou. A pessoa falou que era da escola e estava preocupada porque o Marcelinho não tinha ido. Desliguei o telefone e dois minutos depois outra pessoa ligou fazendo a mesma pergunta”, afirmou.

O tio também garante que Marcelinho era destro, contradizendo a versão de que o garoto era canhoto, o que explicaria a disposição dos ferimentos nos corpos. “O menino é destro e a arma estava na mão esquerda. Não estava nem na mão da criança, estava embaixo da barriga dele.”

Costa contou que a família era tranquila e viajava com frequência. Segundo ele, além de trabalhar na Rota o sargento trabalhava em dois empregos. O menino tinha orgulho do pai, uma mini-farda da Rota e dizia que queria ser policial quando crescesse. “Ele falava que queria ser policial igual ao pai. Tinha roupinha da Rota e dizia ao pai que queria ser policial.”

Questionado sobre quem seria o autor do crime, Costa disse não saber, mas afirmou: “Hoje é assim. O policial prende o ladrão e o ladrão mata o policial”.

Família inconformada
Sandra, sobrinha de Andreia, também não acredita. “Eles eram uma família muito unida. A gente não entende como pode ter acontecido dessa forma. Eles tinham uma vida normal, muito tranquila.”

Ela afirma que o menino era muito inteligente. “Ele tinha um probleminha de saúde, no pulmão, que a gente sabia que era algo grave, mas fazia tratamento.”

Segundo Sandra,  Marcelinho jogava vídeogame com frequência. “Acredito que se ele jogava videogame com jogos agressivos, isso pode influenciar”, afirmou.  Outros familiares disseram que o garoto jogava tiro também, mas na maior parte das vezes era corrida ou enduro.

Sandra disse que ainda não tem explicação para o fato. “A gente não sabe dizer. Dá impressão de que foi vingança, de que foi uma coisa armada. Porque como que abre a porta, sem sinal de roubo. Os vizinhos, ninguém fala que ouviu nada. “