Olé! Espanha leva baile chileno no Maracanã e está eliminada da Copa do Mundo

Um ciclo glorioso teve fim nesta quarta-feira no Maracanã. Atual campeã do mundo, a Espanha, que ganhou tudo nos últimos seis anos, foi eliminada de maneira impiedosa ainda na primeira fase da Copa do Mundo de 2014, diante de um Chile valente, guerreiro, mas também de qualidade. Foi um verdadeiro baile. Com gols de Vargas e Aránguiz, os chilenos venceram, por 2 a 0, no Rio de Janeiro, e já garantiram vaga nas oitavas de final, com direito a gritos de olé e delírio da torcida sul-americana.

De camisas brancas em campo, mas com o apoio de uma massa vermelha nas arquibancadas e ajuda dos torcedores brasileiros, a seleção do Chile mostrou que é mesmo a “La Roja” do momento. Marcando firme e com boa troca de passes, os chilenos é quem pareciam ser os donos do tiki-taka e balançaram as redes duas vezes no primeiro tempo.

Pressionados com a goleada sofrida para a Holanda na estreia, os espanhóis mais uma vez não demonstraram o futebol que contagiou o mundo e sofreram. Sofreram para chegar ao ataque, para conter a velocidade adversária, vaias a Diego Costa e no fim ouviram o coro do Maracanã: “eliminados”.

Pela terceira vez nas últimas quatro Copas, o campeão da edição anterior foi eliminado ainda na primeira fase. Este ano, a Espanha repetiu o vexame que a França já tinha dado em 2002, e a Itália em 2010. Pela primeira vez na história, porém, o campeão caiu fora já no segundo jogo. O ciclo vitorioso espanhol, que começou na Eurocopa de 2008, se estendeu pelo Mundial de 2010 e Euro de 2012, foi abalado na Copa das Confederações de 2013 e exterminado agora em 2014. O Maracanã, definitivamente, não dá boas lembranças aos espanhóis, assim como foi no ano passado e em 1950.

Com duas vitórias em dois jogos, o Chile agora soma seis pontos e está na segunda colocação do grupo B, com o mesmo número de pontos da líder Holanda, que leva vantagem no saldo de gols: 5 a 4. Já a Espanha não somou nenhum ponto e, assim como a Austrália, não tem mais chances de classificação.

Na próxima segunda-feira, chilenos e holandeses decidem o primeiro lugar do grupo, em São Paulo, enquanto espanhóis e australianos apenas cumprem tabela, em Curitiba (os dois jogos com transmissão ao vivo dos canais ESPN, do WatchESPN e acompanhamento em tempo real no ESPN.com.br

O jogo

Apesar de teoricamente mais defensivo, o Chile soube não chamar a Espanha para o seu campo, adiantando a primeira linha (formada pelos zagueiros Gonzalo Jara, Gary Medel e Francisco Silva) sempre que possível, especialmente quando o goleiro Bravo ganhava tempo nas reposições de bola. Vez ou outra, um dos zagueiros corria de volta para receber o passe perto da área e despachar a bola.

Além de terem seu campo encurtado, os espanhóis sofriam na saída de bola, com o goleiro Casillas e os zagueiros Sergio Ramos e Javi Martínez (escalado pelo técnico Vicente del Bosque no lugar de Piqué). Xavi também iniciou no banco de reservas, dando lugar a Pedro, o que deixou Iniesta isolado no meio-campo, motivo pelo qual ele encontrou muita dificuldade e teve uma tarde ruim, com irreconhecíveis erros de passe e desarmes bobos.

Tudo dava errado para a Espanha, mas talvez porque o Chile também estivesse se entregando mais em campo. Aos sete minutos, depois de cobrança de falta de Xabi Alonso que resultaria em escanteio, Alexis Sánchez se esforçou, controlou a bola na bandeirinha, evitando que ela saísse pela linha de fundo. Em um raro bom ataque espanhol, Diego Costa prendeu demais a bola e chutou torto. Na sequência da jogada, Xabi Alonso acertou a bola em cima de Bravo.Aos 19 minutos, o time sul-americano abriu o placar. Alexis Sanchez tomou bola à frente do meio-campo, tabelou pela faixa direita do campo e fez ótimo passe para Aránguiz, dentro da área. O volante atrasou rasteiro para a marca do pênalti, onde Vargas driblou Casillas e chutou para a rede. Entrega, velocidade, técnica e efetividade que sintetizaram em um lance a superioridade sobre os últimos campeões mundiais.

A desvantagem, diante da obrigação mínima do empate para evitar a eliminação, ajudou a desestabilizar a equipe de Del Bosque. A torcida brasileira presente no Maracanã também contribuiu, é verdade, perseguindo Diego Costa, que recusou a chance de disputar o Mundial pelo Brasil e se naturalizou espanhol. O atacante foi lembrado com insultos quando errou e também quando os telões reprisaram lance em que ele recebeu do goleiro Bravo uma bolada na cabeça.

Com o passar do tempo, o nervosismo da Espanha foi ficando ainda mais evidente. Um dos principais jogadores do time, ele passou a cometer faltas de ataque para matar a saída de jogo chilena. Aos 39 minutos, Pedro não conseguiu dominar um longo lançamento e chutou a bola com força em uma placa publicitária. Pouco depois, Xabi Alonso deu uma entrada dura na intermediária defensiva e recebeu corretamente o primeiro cartão amarelo de sua equipe na partida.

O que já era difícil ficou ainda mais aos 42 minutos, quando o Chile, senhor do jogo, ampliou a vantagem. Alexis Sánchez bateu falta no canto esquerdo, e Casillas espalmou para frente. A defesa viu Aránguiz ficar com o rebote dentro da área, ajeitar a bola para a perna direita e dar um bico. O goleiro espanhol saltou, mas não alcançou, para festa dos milhares de torcedores presentes no Maracanã.

No intervalo, Del Bosque sacou Xabi Alonso para a entrada de Koke, mas quem passou impressão de que entraria mesmo no jogo foi Iniesta. Logo aos três minutos do segundo tempo, ele fez uma grande jogada ao achar Diego Costa bem posicionado dentro da área. Mas o atacante hispano-brasileiro não aproveitou o passe, chutou travado em cima da defesa. Quatro minutos mais tarde, ele tentou se redimir ao dar uma bicicleta que Busquets, de frente para o gol, concluiu para fora.

Não era a tarde da Espanha, muito menos a de Diego Costa, que, aos 18 minutos, saiu muitíssimo vaiado para dar lugar a Fernando Torres. Sampaoli respondeu e substituiu Aránguiz por Felipe Gutiérrez, para reforçar seu meio-campo e sustentar o resultado. Mas a vontade dos jogadores era tanta que o Chile teve outras chances de marcar, mas não foi preciso balançar a rede novamente para poder festejar o troco histórico antes mesmo do apito final.

FICHA TÉCNICA:

ESPANHA 0 x 2 CHILE

Local: Estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro-RJ

Data: 18 de junho de 2014, quarta-feira

Horário: 16 horas (de Brasília)

Árbitro: Mark Geiger-EUA

Assistentes: Mark Hurd-EUA e Joe Fletcher-CAN

Cartões amarelos: Xabi Alonso (Espanha); Vidal e Mena (Chile)

GOLS:

CHILE: Vargas, aos 20′ do 1T, e Aránguiz, aos 43′ do 1T

ESPANHA: Casillas; Azpilicueta, Sergio Ramos, Javi Martínez e Jordi Alba; Busquets, Xabi Alonso (Koke), Iniesta, David Silva e Pedro (Cazorla); Diego Costa (Fernando Torres)

Técnico: Vicente Del Bosque

CHILE: Bravo; Medel, Silva e Jara; Isla, Diaz, Vidal (Carmona), Aránguiz (Gutierrez) e Mena; Vargas (Valdivia) e Alexis Sánchez

Técnico: Jorge Sampaoli