"Ninfomaníaca – Pt 2" tem cenas mais fortes e faz ligação com "Anticristo"

Aqueles que gostaram e aqueles que odiaram a primeira parte de “Ninfomaníaca”, do sempre polêmico Lars Von Trier, devem concordar em uma coisa: a “Parte 2”, que estreia nesta quinta-feira (13), é bem melhor em todos os aspectos. Finalmente entendemos melhor a trajetória de Joe, uma mulher viciada em sexo, mas que nunca consegue encontrar prazer nele. Seu único orgasmo verdadeiro aconteceu na infância, na cena mais surpreendente de todo o filme, bem no início desta segunda parte.

É quase como se a “Parte 1” não precisasse existir, sendo uma pura jogada de marketing para aumentar a polêmica e fazer o espectador pagar dois ingressos. As cenas mais fortes estão todas na “Parte 2”, incluindo uma longa sequência em que Joe adulta (Charlotte Gainsbourg) se submete a intensas sessões de sadomasoquismo com um rapaz bem mais jovem (Jamie Bell, o garotinho de “Billy Elliot”) –as técnicas de S&M nunca foram retratadas com tanto detalhe em um filme de circuito comercial.

Outro fato que torna esta “Parte 2” bem mais interessante: Joe tem um filho com Jerome (Shia Labeouf) e precisa conciliar suas compulsões sexuais com os deveres da maternidade. Nessa sequência, Von Trier faz uma ligação interessante com a abertura do seu antepenúltimo filme, “Anticristo” (2009), que também tinha Charlotte Gainsbourg como protagonista. No início de “Anticristo”, Gainsbourg e Willem Dafoe estão transando quando o filho cai da janela por acidente.

TRAILER DE “NINFOMANÍACA – PARTE 2”

Para aqueles que forem ao cinema atrás de cenas fortes, Von Trier não decepciona. Esta segunda parte inclui o maior close de uma vagina já visto no cinema (com direito a um movimento panorâmico da câmera), uma cena em que Joe faz sexo oral explícito em um pedófilo e a já famosa cena em que ela tenta, mas não consegue, transar com dois africanos –com os órgãos sexuais dos dois mostrados à exaustão.

Mas o que começa com questionamentos interessantes mais uma vez cede ao gosto fácil que Von Trier tem pela provocação gratuita. Joe entra para uma máfia de cobradores, arruma uma aprendiz mais jovem com quem também acaba indo pra cama, mas que depois vai humilhá-la em um das cenas mais desnecessárias do filme, já perto do final. É nessa cena que entendemos como Joe foi parar naquele beco, caída e sangrando, e foi resgatada por Seligman (Stellan Skarsgard). O pescador vai mostrar todo o seu lado menos intelectual na última cena do filme.

E não adianta querer encontrar explicações ocultas para a genialidade de Von Trier. Os 20 minutos finais são obra de um homem que tem muito talento, mas que fica feliz apenas em nos chocar, sem oferecer nada de mais profundo ou inteligente.

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