Ministro paraguaio diz que Marcelo Piloto chamou outra mulher antes de matar jovem

Extra

Uma segunda mulher pode ter sido salva de se tornar mais uma vítima do traficante Marcelo Piloto, extraditado nesta segunda-feira do Paraguai para o Brasil. De acordo com o jornal paraguaio “ABC Color”, o ministro do Interior, Juan Ernesto Villamayor, afirmou em entrevista que antes de chamar a jovem argentina Lidia Meza Burgos, de 18 anos, o traficante chamou outra mulher, mas desistiu “porque não tinha dinheiro”.

– No sábado, Marcelo Piloto, através de um aplicativo para chamar as meninas, chamou uma mulher para o dia seguinte, de manhã. Ela acordou por volta das 9h, não tenho a hora exata, e pegou um táxi – contou o ministro, que afirmou ainda que no caminho a mulher recebeu uma nova mensagem do traficante cancelando o enconcontro “por falta de dinheiro”.

Ainda de acordo com Villamayor, Marcelo Piloto teria conseguido o dinheiro mais tarde, após uma visita de seu advogado e um jornalista colombiano. Foi então que ele chamou Lidia. O assassinato teve como objetivo impedir sua extradição para o Brasil.

Segundo o Ministério Público do Paraguai, Lidia trabalhava como garota de programa e entrou no presídio de forma irregular. Ela ficou 40 minutos com Piloto antes de ser foi golpeada 16 vezes com uma faca. Na mesma entrevista, ao ser questionado sobre o motivo de o traficante estar com uma faca e também com um celular, o ministro respondeu que os presos recebiam todos os utensílios necessários para se alimentar, inclusive uma faca:

– Mas vamos ser sinceros, ele poderia matar ela até com um cabo de madeira, com as mãos. Reconheço que havia uma falha pelo telefone (que o traficante tinha).

Ainda segundo o jornal paraguaio, ao ser indagado se o governo esperou que uma pessoa morresse para expulsar o traficante, o ministro respondeu:

– Não se esperou que uma pessoa morresse, isso implica uma intencionalidade. Não se esperou absolutamente nada. Se respeitou a institucionalidade, no sentido de que já estava em marcha o processo da extradição – afirmou ele, que acrescentou que Piloto pode ser julgado pelo feminicídio de Lidia e cumprir pena no Brasil.

Presidente do Congresso do Paraguai elogia decisão

O presidente do Congresso Nacional do Paraguai, o parlamentar Silvio Ovelar, elogiou a decisão do presidente do país de expulsar o traficante. Em entrevista ao “ABC Color”, ele disse que é preciso ter “culhões” para tomar essa decisão.

– Não entendo muito dos protocolos nesses casos, nem pelo Ministério Público, e nem pelo Supremo Tribunal. A única coisa que posso lhe dizer é que você tem que ter culhões para expulsar um criminoso e traficante de drogas como o Piloto – disse.

A autorização para transferência do traficante ao presídio federal foi dada pelo juiz Rafael Estrela Nóbrega, da Vara de Execuções Penais da Capital, que atendeu a pedido do secretário de Segurança do Rio, general Richard Nunes. O Departamento Penitenciário Nacional já tinha indicado a penitenciária paranaense como opção. A autorização, em caráter liminar, fixa prazo inicial de 60 dias para a permanência no Paraná.