Marido de jovem que morreu após concurso descarta que motivo tenha sido tereré17

O marido de uma jovem que morreu após uma competição de tereré, Welton Godoy Miranda, 29 anos, descarta que a causa da morte tenha sido o excesso da bebida conhecida como tereré. Ele afirma que a “negligência” no atendimento à esposa, encaminhada para Santa Casa, tenha agravado seu estado de saúde. O hospital estava sem vagas no CTI.

Luana Pryscila Fernandes Soares, que tinha 21 anos, participava com o marido e outros nove amigos da competição promovida por uma rádio de Campo Grande, no último domingo (28), em que o prêmio para o grupo que tomasse mais tereré seria de R$ 5 mil.

Luana entrou na disputa às 16 horas e, depois de mais de uma hora ingerindo a bebida, por volta das 17h20, começou a se sentir mal. Os primeiros atendimentos foram feitos no local do evento, em uma unidade móvel do Samu disponibilizada pela organização. Os socorristas acharam melhor encaminhá-la para um posto de sáude e, no caminho para a UPA do bairro Coronel Antonino, por volta das 19 horas, ela sofreu uma parada cardíaca. 

“O próprio médico que a atendeu no posto disse que ela deveria ser encaminhada imediatamente para uma UTI, e nenhum hospital de Campo Grande tinha vaga. Passava da meia-noite quando conseguimos ir para a Santa Casa, onde, mesmo assim, ela ficou na unidade de emergência. Do momento em que chegamos lá até a hora em que a Luana morreu, não conseguimos uma vaga para ela na UTI”, relata Welton.

Na terça-feira (30), às 14 horas, Luana teve um AVC (Acidente Vascular Cerebral), apontado como causa da morte da jovem. Welton defende que se a esposa tivesse sido prontamente transferida para uma UTI, não teria falecido.

Luana se alimentou bem no dia da competição e estava acostumada a tomar tereré

Ele acrescenta, ainda, que dificilmente o tereré tenha levado ao AVC. “O excesso de sódio e água podem fazer mal, sim, mas no caso da Luana, não levaria a um AVC. No máximo causaria uma dor de cabeça ou enjôo”, disse. 

Ele é formado em Química pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), e afirma que a esposa não apresentava nenhum problema de saúde e praticava exercícios físicos e, inclusive, participava de maratonas. “Além disso, Luana estava acostumada a tomar tereré. Naquele domingo, não fez nada que não fizesse todos os dias. Só a velocidade em que ela ingeria a bebida era maior, ela estava empenhada em ganhar a competição”, acrescenta.

Conforme a assessoria da Santa Casa, no momento em que Luana chegou ao hospital não havia vagas na UTI por causa da “alta demanda”. A assessoria reforça, ainda, que a jovem ficou internada na emergência do hospital, que conta com os mesmos aparelhos e estrutura de uma UTI e, por isso, o fato de não ter vagas não ocasionaria a morte de Luana. Welton afirma que não pretende entrar com um processo contra o hospital. “Não quero mais pensar nesse assunto. Agora, já foi, e um processo não vai me trazer ela de volta”, lamentou. 

A organização do evento, que contou com 50 mil pessoas, esclarece que disponibilizou duas unidades móveis do Samu para emergências. Além de Luana, foram realizados outros dois atendimentos. Não foi confirmado se as pessoas atendidas participavam da competição ou só acompanhavam o evento.