Manifestantes usam criatividade para protestar contra café de luxo na Câmara

Bruno Chaves e Wendell Reis

Com faixas e cartazes, cerca de 30 manifestantes já se encontram em frente ao prédio da Câmara Municipal para protestarem contra o café de luxo dos vereadores. Com dizeres que vão de “O povo sem saúde e os vereadores preocupados com salame” a “Creches não têm merenda e vereadores têm água de coco” a movimentação começa a chamar atenção de quem passa pelo local.

 

Marcado para ter início às 8h, as pessoas começaram a chegar à Câmara por volta das 7h. Por causa do expediente de trabalho, a maioria dos participantes, muitos de terno e gravata, foi ao local antes do horário combinado para poder ter a chance de protestar.

 

Uma manifestante, que preferiu não se identificar, disse que a população de Campo Grande é muito “boazinha” e, por isso, não foram em massa protestar na Casa de Leis. Outro manifestante, que também preferiu não revelar a identidade, afirmou que aproveitou a oportunidade para mostrar sua indignação com o café da manhã dos parlamentares.

 

“As crianças das creches não têm merenda e os vereadores ficam com banquete. Não está certo porque os vereadores foram eleitos pelo povo e para o povo. Não é justo”, disse o homem, que é advogado, lembrando das recentes denúncias sobre a falta de alimentes e até comida estragada em Ceinfs (Centros de Educação Infantil) de Campo Grande.

 

Quem foi ao protesto contra o café dos vereadores alega que não pertence a grupos organizados. Cada um foi para mostrar sua própria indignação. Outro advogado que está na movimentação, Carlos Lameira, de 48 anos, disse que foi protestar porque espera que os vereadores respeitem os esforços e o dinheiro do povo.

 

“Além disso, eles devem dar atenção a saúde e a educação”, pede o manifestante.

 

Aos poucos, mais pessoas começam a chegar à Câmara. Entre as frases de destaque, estampadas em cartazes, estão: “Nem tchu, nem tcha, quero que os vereadores parem de roubar”, “Café é imoral”, “Senhores vereadores, enfiem o dinheiro do café de luxo na saúde” e “Não merecem nem pão com mortadela”.

 

Por enquanto, as portas da Câmara Municipal não estão abertas. Nenhum vereador passou pelo local, já que as sessões ordinárias começam às 9h. Além das pessoas que participam da movimentação, estão presentes 10 guardas municipais. Normalmente, apenas cinco homens fazem a segurança do prédio.

 

Como forma de apoio, motoristas que passam pela Avenida Ricardo Brandão buzinam, tiram fotos e sorriem, mas não param para se juntarem ao manifesto.