Maior campeão do Brasil: Felipão vai à redenção com recorde e título

Quando decidiu pelo retorno de Luiz Felipe Scolari, no fim de julho, a diretoria do Palmeiras tentava salvar o que parecia ser a segunda temporada seguida sem títulos. Na época, os torneios de mata-mata eram tratados como as maiores chances de taça, mas foi o Brasileiro que coroou o trabalho feito por Felipão e seu novo braço direito, Paulo Turra. Uma campanha de recordes que marca a redenção do técnico mais vencedor da história do Brasil.

Este é o 27º título conquistado por Scolari, levando em conta campeonatos profissionais. Nenhum outro treinador no Brasileiro tem mais do que ele; Vanderlei Luxemburgo é o com número mais próximo do gaúcho: 23 taças.

Muitos torceram a cara quando o clube demitiu Roger Machado, considerado um dos mais promissores treinadores no país, para iniciar a terceira passagem do ídolo, multicampeão na China, mas ainda marcado no Brasil pela Copa do Mundo de 2014. Técnico de resultado, como ele mesmo se define, Scolari, um dos maiores da história do clube, agora acrescenta mais uma taça ao seu currículo no Verdão, que já tinha duas Copa do Brasil, uma Mercosul, um Rio-São Paulo, além da Libertadores.

Vivendo na calmaria de Portugal com a família, ele negociava com a seleção paraguaia e não se mostrava disposto a voltar ao futebol brasileiro. Só o convite de um clube com o qual é tão identificado, como o Palmeiras, para mudar sua ideia. Mas havia uma condição imposta por Olga, sua esposa: ignorar o que a imprensa falasse, para bem ou para o mal.

Enquanto avançava na Copa do Brasil e Libertadores e fazia uma campanha de recuperação no Brasileiro, repetiu-se que seu estilo de jogo mais pragmático era pouco para talvez o melhor elenco do Brasil. Alheio ao externo, continuou com sua estratégia de escalar um time nos mata-matas, e outro no Brasileiro. Foi o primeiro técnico que conseguiu nos últimos dois anos, de fato, provar a força do plantel palmeirense.

– Não sou ultrapassado, não sou o melhor, não sou pior. Sou um bom técnico, com os mesmos métodos de outros. Desde que estou no Palmeiras, ninguém vê meus treinos, então não pode falar nada. Mas a gente ouve e deixa falar. A gente tinha de ganhar alguma coisa. Tivemos três chances e só ganhamos esta hoje. O que falei a eles agora, preparem-se que a exigência vai ser maior agora – disse Felipão após o título.

As eliminações para Cruzeiro, na semifinal da Copa do Brasil, e Boca Juniors (ARG), na semi da Liberta, deram a impressão de que o Verdão poderia ter feito mais para chegar às decisões. Mas a campanha no Nacional acabou ofuscando tudo: mesmo usando equipes diferentes seguidamente, o time conseguiu tirar uma distância de oito pontos para o então líder Flamengo, até tornar-se o primeiro colocado, na 27ª rodada. A partir daí, não saiu mais da ponta.

A campanha do título tem marcas especiais, principalmente, o recorde de invencibilidade. Desde que houve a troca de comando, no dia 25 de julho, o Palmeiras não perdeu mais no Brasileiro e tornou-se o dono da maior sequência sem derrota na história do Brasileiro por pontos corridos (desde 2003): são 22 jogos, com 16 vitórias e seis empates.

Um feito que não se pode diminuir a participação de Felipão. Aos 70 anos de idade, mas com muita vitalidade, o técnico nesta nova passagem não contou com o até então inseparável Flávio Murtosa ao seu lado, mas ganhou Paulo Turra, com quem já havia trabalhado no Guangzhou Evergrande (CHN).

Aos 45 anos de idade, o ex-zagueiro do Verdão tem parte importante para criar a identidade do trabalho de Scolari. No dia a dia, aplica treinos, especialmente para a defesa, e está sempre junto dos jogadores passando incentivo, inclusive na beira do campo. Não é raro ver os dois juntos à beira do campo nos jogos.

Felipão disse que em breve Turra será treinador, mas ainda há tempo de maturação como seu auxiliar. No Palmeiras, os dois e Carlos Pracidelli têm contrato até o fim de 2020. E até lá, a expectativa é de que o ídolo com seus escudeiros consiga levantar mais taças.