Justiça ouve 10 testemunhas sobre morte de garoto após agressão em lava-jato em MS

A Justiça fez, nesta segunda-feira (2), a segunda audiência sobre a morte do adolescente Wesner Moreira da Silva, de 17 anos, após agressão com uma mangueira de compressão de ar em um lava-jato de Campo Grande no dia 3 de fevereiro deste ano. Dez testemunhas já foram ouvidas.
Na porta do Fórum, sob chuva fina, a família da vítima protestou com faixas, cartazes e orações. “Não tem frio, não tem chuva, não tem nada que para uma mãe pedindo Justiça”, afirmou a mãe de Wesner, Marisilva Moreira da Silva.
Protesto em frente ao Fórum no dia da segunda audiência sobre a morte de garoto após agressão em lava-jato em Campo Grande (Foto: Magno Lemes/TV Morena) Protesto em frente ao Fórum no dia da segunda audiência sobre a morte de garoto após agressão em lava-jato em Campo Grande (Foto: Magno Lemes/TV Morena)
Protesto em frente ao Fórum no dia da segunda audiência sobre a morte de garoto após agressão em lava-jato em Campo Grande (Foto: Magno Lemes/TV Morena)
Thiago Giovani Demarco Sena e Willian Henrique Larrea chegaram acompanhados dos advogados, mas não quiseram gravar entrevista. Eles são acusados de violentar Wesner com uma mangueira de pressão no início do ano em um lava-jato da capital sul-mato-grossense.
A primeira testemunha ouvida foi o médico que fez o primeiro atendimento a Wesner no Centro Regional de Saúde do Tiradentes. Ele contou que a vítima estava muito inchada e reclamando de dores. Na sequência, ele foi transferido para a Santa Casa onde morreu 11 dias depois.
Um perito médico-legista, que também cuidou de Wesner, contou ao juiz e aos advogados que o jato da mangueira de ar é extremamente perigoso para o corpo humano. No caso do jovem, rompeu o intestino grosso e o esôfago.
Uma das testemunhas ouvidas foi um adolescente de 12 anos que estava no lava-jato quando tudo aconteceu. Ele conhece Thiago e Willian. O depoimento do garoto foi diferente dos demais. Ele foi ouvido em uma sala que tem um sistema de videoconferência. Lá estava uma psicóloga que, por meio de um ponto eletrônico, recebia as perguntas do juiz, da defesa e da acusação. Em outra sala, juiz e advogados acompanham tudo por um televisor.
A defesa dos acusados informou que a audiência serviu para esclarecer que não houve dolo no homicídio, ou seja, não houve intenção de matar. A próxima audiência está marcada para o dia 30 de outubro.
Entenda o caso
Wesner perdeu parte do intestino ao ser agredido com uma mangueira de ar comprimido do lava-jato onde trabalhava pelo ânus. Segundo a polícia, não houve introdução, mas a força do ar devastou os órgãos. Depois de 11 dias internado na Santa Casa de Campo Grande, o adolescente morreu em consequência de uma complicação no esôfago que ocasionou perda de líquido e sangue.
Na época, o dono do lava-jato Thiago Demarco Sena e o funcionário William Henrique Larrea disseram que tudo foi uma “brincadeira” e a polícia entendeu que não houve conotação sexual, por isso o caso foi registrado como lesão corporal. Antes de morrer, Wesner negou que tratou de brincadeira.

 

Por Rodrigo Grando, TV Morena