Jornais e emissoras de TV de vários países acompanham conflito indígena no Estado

 

 
 

O conflito entre índios e produtores rurais, que já teve dois confrontos e até morte, colocou a pequena cidade de Sidrolândia, com 43 mil habitantes e a 70 quilômetros de Campo Grande, no foco da mídia mundial. Veículos de comunicação da Inglaterra, Espanha e até do Irã enviaram jornalistas para acompanhar a disputa por terras na região.

O assunto ganhou ainda maior repercussão mundial após a morte do indígena Oziel Gabriel, de 32 anos, na quinta-feira, durante confronto entre índios e policiais federais e a Cigcoe (Companhia Independente de Gerenciamento de Crises e Operações Especiais). Na segunda-feira, em outro confronto, o primo dele, Joziel Gabriel Alves, de 34 anos, foi baleado e pode ficar tetraplégico.

Equipes da Press TV, Hispain TV, Agência Londres e Agência Irã já estão na região da fazenda Buriti, centro dos conflitos. Ao todo, são cerca de 50 profissionais da imprensa, regional, nacional e internacional, no local.

“É um assunto muito delicado, que interessa ao mundo inteiro”, comentou o repórter Rony Curvelo, da Press TV e Hispain TV. “Quando se fala em um índio baleado em confrontos por terras, aí o assunto ganha proporções gigantescas e mundiais”, explicou.

Curvelo chegou à Campo Grande na manhã de hoje, e deve permanecer no estado até a próxima segunda-feira (10). Ele contou que inicialmente chegou a ser hostilizado pelos indígenas, que depois de o conhecerem, já o trata normalmente.

Nesta quinta-feira, os 110 homens Força Nacional convocados pelo Ministério da Justiça devem chegar à Sidrolândia. Segundo o ministro da Justiça José Eduardo Cardozo, o objetivo da missão é apaziguar os ânimos e evitar novos conflitos. O ministro, inclusive, esteve em Campo Grande ontem (5), quando deu “carta branca” à PF para cumprir a lei, e punir “seja quem for”.

O conflito também chamou a atenção da imprensa nacional. Estão acompanhando os indígenas in loco equipes da EBC (Empresa Brasileira de Comunicação), Agência Brasil, TV Brasil, Folha de S. Paulo, O Globo, Canal Rural e do Profissão Repórter (programa da Rede Globo).

Passado

Esta não é a primeira vez que o assassinato de um índio atrai a atenção da mídia mundial. Em 1993, a imprensa internacional se reuniu em Ponta Porã para o julgamento de Líbero Monteiro de Lima e Rômulo Gamarra, acusados de assassinar o líder indígena Marçal de Souza. Os dois foram absolvidos da acusação.

Marçal é considerado uma das principais lideranças indígenas brasileiras, e foi morto após diversas ameaças e agressões, em 1983, com cinco tiros no rancho de sua casa, na aldeia Campestre. Ele ficou famoso ao fazer um discurso em defesa dos povos indígenas na ONU.

O caso marcou a história regional, e trouxe os olhos do mundo para a causa indígena em Mato Grosso do Sul.

Três grandes grupos indígenas estão lutando por terras em Mato Grosso do Sul: Kadiwéu, Terena e Guarani Caiová.


Fonte: Midiamax