Jardim comemora 75 anos com evento “mixuruca”

Em determinadas oportunidades, a teimosia reflete de forma positiva, já que muitas vezes é preciso persistência para vencer alguns obstáculos. Mas, nesse caso específico, a teimosia da prefeita de Jardim, Clediane Areco Matzenbacher (DEM) resultou num claro sinal de burrice, já que, ao invés de escutar as sugestões de assessores e vereadores sobre o fato de realizar um evento de vulto na cidade, competindo com outro onde estaria presente ninguém mais do que o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), deu no que deu: uma meia dúzia de “gatos pingados” presentes e uma comemoração alusiva aos 75 anos de fundação da cidade, que foi o mesmo que “fazer festa com chapéu alheio”, já que as únicas duas obras inauguradas foram feitas pelo Governo do Estado.

Verbas federais ou recursos da prefeitura?

Com exatos 48 minutos de atraso (esperando quem acabou não indo) a solenidade realizada no Centro de Convenções Oswaldo Fernandes Monteiro, em Jardim, teve início, nessa sexta-feira (14). Formou-se a Mesa de Honra (sem deixar de cometer a gafe de esquecer-se do delegado regional de Polícia Civil – chamado só depois do primeiro pronunciamento) que, descontando as figuras da prefeita e do presidente da Câmara, Glaucio Cabreira (PSDB), ficou no meio a meio: quatro representantes de unidades de segurança pública (polícias Civil, Militar, Militar Ambiental e Corpo de Bombeiros) e quatro civis. Aliás, se os ocupantes da Mesa de Honra se sentassem mais próximos, teriam que se acomodarem uns nos colos dos outros. Medidas de distanciamento…protocolos de biossegurança…o que é isso?

Obras paralisadas há anos são apresentadas como ações atuais

O governador do Estado, que nem no MS estava, mandou representante, assim como a ministra Tereza Cristina. Um único deputado se fez presente, o professor Rinaldo Modesto de Oliveira (PSDB), obviamente em função de seus pares estarem em Terenos, onde Bolsonaro e Tereza Cristina estariam, na mesma manhã, para entregar títulos da reforma agrária.

Nos pronunciamentos, a mesma retórica de sempre e quem ouviu uma vez essa cantilena, sabe a melodia. Quem falou só jogou confete na prefeita e no governador Reinaldo Azambuja (PSDB). Quem não teve que falar, pelo menos não falou besteira.

Todo mundo diz a mesma coisa: evite aglomerações…mas ninguém liga

O evento foi encerrado com a apresentação de um coral, muito bom por sinal, mas a própria prefeita conseguiu esculhambar, iniciando um acompanhamento com palmas, seguido pela maioria, cada um num ritmo diferente. Foi um desastre.

Depois disso, todos se dirigiram às inaugurações e apresentações de obras, o que favoreceu mais um aspecto negativo para o evento: aglomerações uma atrás da outra, fosse para visitar o local, fosse para fazer fotos.

Os locais indicados na programação, como o centro de hemodiálises e o recapeamento da estrada da ponte velha não entraram no percurso, já que ainda nem saíram do papel. O asfaltamento de uma rua de 3 mil metros e a pavimentação de um bairro foram inaugurados, tudo com dinheiro do Governo do Estado. Depois uma escola, com obras paradas e um centro de especialidades médicas, também com obras paradas foram apresentadas aos visitantes, entre os quais apenas três prefeitos da região. Um posto de saúde fez parte do pacote e, apesar da placa indicar que os recursos utilizados são do Governo Federal, a prefeita disse que a obra é fruto de recursos próprios. A Praça da Bandeira também foi alvo de visitas, já que foi “revitalizada”: pinturas de meio fio, limpeza e um letreiro revestido de fórmica, com a frase “Eu amo Jardim”. Uma obra de importância significativa…(???).

O último local foi a Oficina do Osso, onde artesãs confeccionam peças de arte, utilizando ossos bovinos. Foram separados diversos brindes para os visitantes. Mas, como havia mais brindes do que visitantes, secretários municipais, vereadores e “gente da casa” foram contemplados. Até o primeiro cavalheiro da cidade (marido da prefeita) foi presenteado.

Para encerrar, um lauto churrasco no Parque de Exposições, onde a pandemia ficou ainda mais forte, com todo mundo sem máscara, sentado em grupos, um coladinho no outro. Mas, havia álcool…não só em gel…na cerveja, no uísque e no champanhe…afinal é o povo quem paga.

(Edmondo Tazza – MTE/MS 1266)