Internet oferece receita caseiras para doenças e dicas de saúde

Não é nenhuma novidade que a web é um reduto de informação, recurso poderoso para quem quer aprender algo novo todos os dias. Mesmo ainda não acessível a todas as pessoas, indiscutivelmente ela ampliou a possibilidade de acesso a todo tipo de conhecimento, inclusive o popular – aquele que não possui comprovação científica. Nos sites e nas redes sociais, esse tipo de conteúdo se hospeda e se prolifera rapidamente.

Também chamado de “sabedoria de vó”, o conhecimento popular deixou de se restringir a um grupo familiar ou a uma comunidade. O blog Cura pela Natureza, por exemplo, é uma das novas ferramentas para compartilhá-lo. Ele reúne receitas naturais para doenças e dicas de bem-estar que envolvem as fases da lua, o uso do corpo e a alimentação – que podem ser lidas, relidas, revisadas, copiadas e comentadas, a qualquer momento.

Segundo o editor e criador do site, Laércio Cavalcanti, tudo começou como um hobby, em 2008. No início, a intenção era só a de dividir experiências dos mais de 20 anos em que permaneceu adepto à alimentação saudável e aos tratamentos naturais. Com o tempo, o alcance aumentou e ele teve que formar uma equipe.

Os profissionais que disseminam o conhecimento popular no blog contam com uma grande biblioteca de livros, revistas e jornais sobre tratamentos alternativos publicados no Brasil e de outros países, e, além disso, têm a supervisão de terapeutas naturalistas para repassar as informações ao público.

Por mais que estejam prestando um serviço na web, algumas pessoas manifestam preconceito contra o tipo de informação disponibilizada na página. “Não somos uma revista acadêmica, mas tão somente um site de receitas da medicina popular. Estamos resgatando essas receitas, impedindo que elas sejam completamente esquecidas”, esclarece Laércio.

Ao final de todas as matérias, há sempre um alerta para que o leitor não substitua a receita indicada por uma consulta ao médico.

SOLUÇÃO CASEIRA

A estudante de Engenharia Ambiental Ananda Rodrigues tem 23 anos e faz parte de uma geração que valoriza e se serve mais do conhecimento científico. Ainda assim, não despreza a tradição popular e acredita no poder curativo das plantas. Ela, que mora em Campo Grande, admite testar grande parte das receitas de saúde e estética que acessa na internet, mas garante que busca por outras fontes e procura checar se elas já funcionaram para outra pessoa.

Um livro simples, com o título “Saúde através da natureza”, foi que introduziu os pais de Ananda no universo da cura natural. Influenciada por eles, está sempre pesquisando receitas, principalmente para aliviar dores. “Qualquer tipo de dor que sinto procuro remediar de forma natural. Por exemplo, dependendo do que como, eu sinto que meu fígado fica prejudicado e me dá dor de cabeça. Então, eu soluciono tomando um chá de boldo”.

Mesmo quando não está atrás de uma solução caseira para os problemas, ela as encontra. “No meu Facebook, muitas pessoas compartilham informações desse tipo. Eu não sigo nenhuma página com esse tipo de conteúdo e mesmo assim eles aparecem para mim. O que mais aparece são receitas naturais para aliviar dores, desintoxicar o organismo e higienizar ambientes”. Isso acontece devido ao algoritmo da rede social, que é capaz de avaliar quais são os assuntos mais relevantes para o usuário e mostrá-los com mais frequência.

Assim como Ananda, a dona de casa Lisete Schmitt, 55 anos, confia nos tratamentos alternativos. Antes ela só ficava sabendo desses métodos por meio de familiares e amigos, e hoje, lê e compartilha pelo WhatsApp e pelo Facebook tudo o que acha que pode ser útil às pessoas que estão conectadas a ela.

Lisete é gaúcha de Santo Cristo e, nas buscas diárias por esse tipo de informação, aprendeu a fazer um chá de salsa para adicionar à erva-mate do chimarrão. Segundo ela, a receita curou um cálculo renal.

CUIDADOS

Procedimentos baseados no conhecimento popular, os chás de salsa e de boldo são simples, mas também possuem contra-indicações e efeitos colaterais como todo medicamento.

Segundo o homeopata Luiz Darcy, os métodos naturais precisam ser administrados com cuidado. Questões como o histórico da pessoa que receberá o tratamento e a situação atual de saúde precisam ser levadas em conta.

Ele, que trabalha com homeopatia e acupuntura em Campo Grande, explica as diferenças entre as alternativas. “Medicina popular envolve uma série de terapêuticas diferentes, que são praticadas e transmitidas informalmente de gerações de segmentos populacionais. Não estão inclusas aí a homeopatia e a acupuntura, que são terapêuticas de domínio médico, embora haja apelo de determinados grupos de leigos, que a querem praticar”.

A aposentada Pilar de Zayas sabe dos riscos, por isso prefere pesquisar e se certificar sobre a segurança à saúde com algumas estratégias. “Se eu vejo uma dica, vou procurar saber nos sites de onde são essas plantas ou alimentos, e se existem pesquisas acadêmicas e científicas sobre elas”.

Outro fator que leva em consideração para comprovar a eficácia das receitas naturais é o tempo de uso e os resultados obtidos por outras pessoas.
Ultimamente, Pilar tem pesquisado sobre a cura pelas plantas, sobre o poder das mãos e a transmissão de energias e sobre o efeito da música no corpo humano. “A internet me ajuda muito naquela minha curiosidade de conhecer as coisas. É um campo aberto e incrível. Morei muito tempo em Rondônia e não tinha muito acesso a livros. De vez em quando ia a sebos e encontrava obras raras, aí aplicava o conhecimento na saúde”.

Fontes: Cura Pela Natureza, Blog Fisio Brasil e Site do Bem.

http://www.correiodoestado.com.br/