Índios invadem mais 12 fazendas e criam novo foco de tensão no Estado

Após ocupar duas propriedades rurais na sexta-feira (25), índios invadiram, na noite de ontem para hoje, mais 12 áreas em Japorã. Produtores rurais querem retirar o gado das áreas ocupadas e um novo foco de tensão foi criado em Mato Grosso do Sul. 

Os indígenas da etnia Guarani-Kaiowa reivindicam há 10 anos a demarcação da área de 9,460 mil hectares, que fica próximos ao Rio Iguatemi, em Japorã. A invasão das propriedades começou há bastante tempo e até já houve conflito entre produtores e indígenas há 10 anos. 

Segundo o presidente do Sindicato Rural de Iguatemi, Hilário Parise, os produtores rurais querem a reintegração de posse das propriedades, mas eles tinham um acordo com a Funai, dizendo que não podiam invadir. “Eles querem que o Governo indenize e entregue as propriedades para eles. Mas nós tínhamos um acordo, do Governo com a Funai, assinado há cerca de seis meses, dizendo que não poderiam invadir e eles descumpriram isso”, reclamou.

Ele também comenta que muitos proprietários tiveram que sair das fazendas, por conta das invasões. “Muitos fazendeiros saíram da fazenda, somente três fazendeiros continuam nas suas propriedades”.

Luiz Carlos Tormena é proprietário de uma das fazendas invadidas, e ele teve que sair as pressas dela. “Eles chegaram empunhando flechas e disseram que tínhamos 20 minutos para sair, peguei o carro e vim embora. Mas eu ainda consegui autorização para voltar e cuidar do gado”, explica.

O presidente do sindicato relata que as invasões estão trazendo prejuízos para os produtores rurais e também para a cidade. “Está tudo desvalorizado. Não há compra e venda de propriedades, as pessoas não investem em agricultura, e até as empresas não querem investir na cidade”, disse. 

Segundo Hilário, os índios não estão à procura somente de terra, eles querem outras coisas, porém as autoridades insistem em somente dar propriedades. “A Funai já tem projetos para demarcar várias cidades de Mato Grosso do Sul, mas não é só terra que os indígenas querem, eles querem outras coisas. Eles não veem isso”.

A Polícia Federal de Naviraí foi até as propriedades para evitar qualquer tipo de violência que venha a ocorrer. Eles irão permanecer ali por cerca de 10 dias.