Identidade sul-americana é celebrada no quebra-torto com letras durante o Fasp

Campo Grande (MS) – A literatura sul-americana também tem seu espaço reservado no 15° Festival América do Sul – Pantanal. No Quebra-Torto Literário os autores convidados têm a oportunidade apresentar suas obras aos visitantes do festival e protagonizar debates e reflexões acerca de temas da atualidade. E o fim de semana desta grande festa cultural em Corumbá começa com um gostoso banquete literário acompanhado de refeições e quitutes genuínos do café da manhã pantaneiro. No Moinho Cultural Sul-Americano os presentes têm um momento de contato direto com narradores, poetas, cantadores e pesquisadores e seu fazer artístico-poético.

Na sexta-feira (15 de novembro), a partir da 8 horas, a programação do Quebra-Torto Literário traz um bate-papo com os autores convidados Noemi Jaffe (Brasil), Mara Calvus (MS), Danielle Barbosa Santos Ferreira (MS) e Luciene Machado (MS), com a mediação de Marcelle Saboya Ravanelli (Sesc Corumbá).

Noemi Jaffe é uma escritora, professora e crítica literária brasileira. Doutora em literatura brasileira pela USP, dá aulas de Escrita Criativa na Casa do Saber, no curso de Formação de Escritores do Instituto Vera Cruz e mantém vários grupos particulares. Também trabalha como crítica literária para o jornal Folha de S. Paulo. Ganhou o Prêmio Brasília de Literatura de 2014 com o livro A verdadeira história do alfabeto.

Mara Calvis é ambientalista, membro da Associação Feminina de Letras e Artes de MS (Aflams); Danielle Barbosa Santos Ferreira é autora do livro infantil “Reino perdido de Odara” e militante do movimento negro e Lucilene Machado é doutora em Literatura, professora da UFMS, campus Corumbá, autora dos livros Biografia de Amores e Os homens que não amam as mulheres.

Na mesma manhã, às 10 horas, o público do quebra-torto vai poder assistir à apresentação do Coletivo Vibrações, grupo de músicos residentes em Campo Grande que se dedica principalmente à prática do gênero musical conhecido como choro, e também gêneros brasileiros similares como samba, baião, frevo e outros. Surgido da vontade dos músicos de criar um movimento frequente de choro e música brasileira na capital sul-mato-grossense, o Coletivo tem em sua formação instrumentação bastante variada, com Lucas Rosa no vibrafone, Ivan Cruz no bandolim, Carlos Alfeu no violão, Márcio Marques na flauta, Gustavo Vilarinho no pandeiro, e sempre recebendo participações de muitos outros instrumentistas e cantores, algo que é tradição nas rodas de choro.

No sábado (16 de novembro), também a partir das 8 horas, o quebra-torto com letras traz os convidados Fabian Severo (Uruguai); Férrez (Brasil); Samuel Medeiros (MS); Nelson Urt (Ladário) e Marcelo Silva de Oliveira, com mediação de Rosangela Villa. Na ocasião, Marcelo Silva de Oliveira lança seu livro “Estrada-Parque Pantanal, estrada da integração”. A Estrada-Parque Pantanal – EPP foi transformada em área protegida pelo governo do Estado em 1993 como uma Área Especial de Interesse Turístico (AEIT), para entre outros objetivos promover a prática do turismo e preservar o patrimônio natural e cultural.

Um dos autores participantes do bate-papo desta manhã, Fabián Severo Gonzalez é escritor e professor uruguaio. Foi o vencedor do Prêmio Nacional de Literatura em 2017 com o romance Viralata. Participa de várias antologias de jovens escritores desde 2005, sendo responsável pela publicação de alguns livros coletivos declarados de interesse educacional pelo Ministério da Educação e Cultura (MEC). Em 2010, recebeu o Prêmio Morosoli de Bronze pelo livro Noite nu Norte – Poemas en portuñol.

Férrez, pseudônimo de Reginaldo Ferreira da Silva, é romancista, contista, poeta e empreendedor brasileiro. Costuma utilizar em suas obras, a chamada “literatura marginal”, por ser desenvolvida na periferia das grandes cidades e tratar de temas relacionados a este universo. Dotado de linguagem influenciada pela variante linguística usada na periferia de São Paulo, Ferréz já publicou diversos livros, entre eles Capão Pecado (2001). Ferréz é fundador do DaSul, grupo interessado em promover eventos e ações culturais na região do Capão redondo, ligados ao movimento hip-hop. A ONG Interferência que trabalha com crianças da Zona Sul e fundou o Selo Povo, editora independente. Também possui um programa na TV 247 chamado “Ferréz em construção” onde entrevista pessoas para comentar sobre cultura. Em junho de 2019 anunciou uma parceria com o YouTuber Thiago Ferreira, do canal Comix Zone, para criar uma editora de quadrinhos homônima.

Depois de uma carreira de três décadas em grandes veículos de comunicação de São Paulo, como “O Estado de S. Paulo”, revista “Placar”, “Diário Popular” e ESPN Brasil, o jornalista Nelson Urt, 65 anos, voltou em 2004 para Ladário, sua cidade natal, antigo distrito e hoje cidade vizinha a Corumbá, no Pantanal do Estado do Mato Grosso do Sul, onde continuou a exercer sua profissão nas redações do “Diário Corumbaense” e do “Correio de Corumbá” e como autônomo, além de dedicar-se aos estudos acadêmicos na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS). A partir disso, em fevereiro de 2019, decidiu criar uma editora, a Maria Preta Cartonera, pela qual acaba de lançar “Amor e Morte em Tempos de Chumbo”, que reúne um conto inédito e crônicas, além de poesias e artigos escritos ao longo dos últimos dez anos. Juntamente com o livro de Urt, a Maria Preta Cartonera lançou “Paixão e Morte no Bordel”, com contos dos jornalistas e historiadores Luiz Fernando Licetti, Silas de Almeida e Nelson Urt.

O último debatedor da manhã é o atual presidente da UBE/MS e membro da Academia Sul-Mato-Grossensse de Letra, Sanuel Medeiros. É autor dos livros “Memórias de Jardim”, “Senhorinha Barbosa Lopes – Uma História da Resistência Feminina na Guerra do Paraguai”, “Contos a Gotas” e “Contos Quase Causos”.

A manhã literária é encerrada com apresentação musical de Valério Garcia, às 10 horas, com músicas clássicas e regionais ao violoncelo. Como já é tradição, o público vai poder saborear o quebra-torto com pratos típicos da comitiva pantaneira – arroz de carreteiro, feijão gordo, paçoca, mandioca – produzido pela equipe culinária do Moinho Cultural.

Fasp – Realizado com investimento público da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul e patrocínio da Energisa, Vale, Caixa Econômica Federal e Governo Federal, o 15º Festival América do Sul Pantanal (FASP) acontece entre os dias 14 e 17 de novembro.

A programação foi pensada para agradar a todos os gostos. E claro, tudo com entrada franca. Mais informações sobre o evento podem ser obtidas na nossa página (www.fundacaodecultura.ms.gov.br) ou pelo telefone 3316-9109.

Karina Lima – Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul – FCMS
Foto: Aurélio Vinícius