Iagro suspeita que ração contaminada com toxina causou morte de rebanho

As 1,1 mil cabeças de gado que morreram confinadas na Fazenda Marca 7 podem ter ingerido toxina botulínica por meio de ração contaminada, em Ribas do Rio Pardo.

Agência Estadual de Defesa Sanitária e Vegetal de Mato Grosso do Sul (Iagro) aguarda diagnóstico laboratorial, mas principal suspeita é de botulismo.

Em nota, o Iagro informou que os ingredientes para a fabricação da ração na propriedade são de uso permitido por lei, mas pode ter havido falha na conservação, propiciando condições favoráveis ao desenvolvimento da bactéria Clostidium e consequente produção da toxina.

Ainda segundo o Iagro, amostras foram encaminhadas no dia 3 de agosto para a Unidade Laboratorial de Raiva e Botulismo do Laboratório de Diagnósticos de Doenças Animais e Análises de Alimentos (Laddan), que pertence à agência e fica em Campo Grande.

No dia seguinte, em 4 de agosto, equipe veterinária deslocou até a propriedade, após nova notificação do fazendeiro. Responsável pela fazenda informou que havia no local 1,7 mil bovinos em sistema de confinamento e que até o dia 4 de agosto já haviam morrido 600 animais.

No mesmo dia, além de mais amostras dos animais, porções dos ingredientes que compõe a ração foram encaminhadas ao Laddan.

Ontem, equipe se deslocou novamente até a fazenda e constatou a morte de mais 500 animais, totalizando 1,1 mil bovinos mortos. Proprietário do rebanho teve prejuízo de mais de R$ 2 milhões.

Carcaças de animais mortos foram destruídas e enterradas em valas de quatro metros de profundidade, na própria fazenda.

Lotes de bovinos e ovinos que estavam fora do confinamento não apresentaram nenhum sintoma e, nos demais animais da propriedade, não foram constatadas doenças infectocontagiosas.

Proprietário da fazenda, Persio Ailton Tosi, disse, por meio de nota, que se trata de um caso isolado e todas as medidas solicitadas pela Iagro foram tomadas.

Conforme informou o produtor rural, todos os animais da propriedade já haviam sido vacinados e as operações de confinamento são realizadas há 11 anos, assistidas por três médicos veterinários, que também são responsáveis pela nutrição e reprodução do rebanho.

Medidas para identificação da causa e resolução do problema estão sendo tomadas pelo Iagro. Os resultados dos exames devem sair em até 20 dias.

BOTULISMO

O botulismo é uma toxinfecção, ou seja, o animal adquire a doença por meio da ingestão de toxinas produzidas pela bactéria em condições de anaerobiose. Essa toxina se liga aos neuroreceptores presentes na musculatura, impedindo a contração muscular, causando paralisia flácida e levando à óbito.

 

Sintomas clínicos aparecem de 1 a 17 dias depois da ingestão do alimento contaminado, dependendo da quantidade de toxina ingerida pelo animal.

O diagnóstico é baseado principalmente no histórico, quadro clínico, patolófico e epidemiológico. O diagnóstico laboratorial pode demorar até 20 dias para ser concluído e é uma ferramenta complementar, não sendo determinante.

GLAUCEA VACCARI