Homenagens celebram 100 anos de Wilson Barbosa Martins

A data não é precisa. Mas foi em um dia qualquer entre 2007/2008. Recebi  ligação avisando que Dr. Wilson havia sido atacado por um enxame de abelhas em sua fazenda e estava no hospital.

Fui até o Proncor, com receio de encontrar o pior quadro. Se uma picada de abelha já causa estrago, imagine milhares delas atacando um homem de 90 anos?

Fui entrando no hospital e me levaram até a sala de espera. Não demorou muito e apareceu Dr. Wilson, acompanhado da filha Celina, sem um machucado, nenhum inchaço e todo fagueiro.

Eu perguntei, espantada: como o senhor está? Ele deu uma risadinha e respondeu, estou mais forte que antes.

Segundo a neta, Fabiana, seu avô levou mais de quinhentas ferroadas pelo corpo. E só não foi para casa no mesmo dia, porque seu médico, Dr. Fernando, recomendou que ficasse no hospital durante três dias para observação. Sua filha, Celina, passou uma noite inteira tirando os ferrões do seu corpo. E ele não reclamou de nada.

Este fato, emblemático, ilustra bem a figura de Wilson Barbosa Martins, que neste 21 de junho completa 100 anos de vida. Um homem de coragem, resiliência, que nunca se deixou abater pelas intempéries ao longo de sua jornada.

A história nem sempre é generosa no presente com as grandes figuras. Principalmente aquelas que não se dedicaram a erguer prédios, obras monumentais e cujo nome aparece pouco nas placas forjadas com ferro e bronze.

Wilson Barbosa Martins nasceu no dia 21 de junho de 1917 na Fazenda São Pedro, região da Vacaria, que pertenceu a Campo Grande, e hoje faz parte do município de Rio Brilhante.

Formou-se em Direito na Faculdade do Largo de São Francisco, em São Paulo, e teve como colegas Ulysses Guimarães, José Fragelli, entre outras figuras ilustres.

Em 1946, exerceu o cargo de secretário-geral da Prefeitura de Campo Grande, na administração do prefeito Fernando Correa da Costa (que também foi governador de Mato Grosso).

Em 1958, foi eleito prefeito da cidade, substituindo Marcílio de Oliveira Lima. No período da sua administração, concurso promovido pelo Instituto Brasileiro de Administração Municipal (Ibam) e revista “O Cruzeiro”, elege Campo Grande como um dos cinco municípios de maior progresso no Brasil.

Filiado à UDN, foi eleito deputado federal pelo estado do Mato Grosso em 1963. Quando do advento do bipartidarismo no País, aderiu ao MDB, que ajudou a fundar. Reeleito em 1966, foi cassado pelo Ato Institucional número 5 em 7 de fevereiro de 1969, tendo seus direitos políticos suspensos por 10 anos.

Em 1982 retornou à cena política elegendo-se governador do Estado, o primeiro eleito pelo voto direto para governar Mato Grosso do Sul.

 

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