Homem é baleado durante protesto em São Paulo

SÃO PAULO – O jovem Fabrício Proteus Nunes Fonseca Mendonça Chaves, de 22 anos, foi baleado por policiais militares na noite de sábado, por volta das 22h30m, em Higienópolis, em São Paulo, segundo a Defensoria Pública de São Paulo. O rapaz foi atingido por três tiros – dois no abdome e outro em uma perna – após ser cercado por policiais.

Chaves portava um estilete e caminhava pelo bairro acompanhado de um amigo. Os dois voltavam para casa após a manifestação contra a Copa do Mundo em São Paulo quando foram abordados pelos três policiais. Chaves está internado na Santa Casa de São Paulo e seu estado de saúde é grave, com risco de vida. Na própria madrugada de sábado, ele foi submetido a uma longa cirurgia.

No Boletim de Ocorrência registrado no 4º Distrito Policial, da Consolação, os PM relataram que o jovem baleado carregava na mochila “um artefato explosivo feito em uma lata de cerveja”. E que, na primeira abordagem, ele tentara fugir. Depois de revistado, disseram os PM, o rapaz saiu correndo de novo e foi perseguido por dois policiais. Num posto de gasolina, mais adiante, o jovem teria sacado “um estilete do bolso da calça” e investido contra os policiais.

Nesse momento um dos policiais teria perdido o equilíbrio e os seus colegas “atiraram contra o suspeito”. Na versão dos policiais, os tiros teriam ferido o rapaz no ombro e “na parte interna da coxa”. Os PM confirmaram no BO ter levado o jovem para o Pronto Socorro da Santa casa. O que é proibido por lei estadual. No BO, os PM classificaram a ação como “ato de resistência, agressão e lesão corporal”. O delegado de plantou requisitou perícia no local e exame residual nos policiais.

– A legítima defesa tem de ser proporcional à agressão. O confronto foi entre um jovem com um estilete contra três policiais armados. Eles teriam outras maneiras de contê-lo que não fosse tê-lo fuzilado no meio da rua. O importante para a Defensoria Pública agora é identificar os policiais envolvidos na ação para que eles respondam à sindicância administrativa na Corregedoria da PM – disse ao GLOBO o defensor público Carlos Weis, informando ainda que a defensoria segue apurando por meio de relatos e imagens feitas por moradores do bairro a ação da PM, classificada por ele como excessiva.

O defensor público também criticou a ação policial no hotel na Rua Augusta onde manifestantes se refugiaram na noite de sábado.

– Os PMs encurralaram cerca de 100 manifestantes dentro de um hotel e o invadiu atirando balas de borracha e bombas de gás. Eles poderiam ter negociado em vez de atacar o grupo – declarou Weis.

O governador Geraldo Alckmin (PSDB) defendeu neste domingo a atuação da Polícia Militar durante o protesto de sábado em São Paulo. Ele também classificou como “lamentável” a ação de manifestantes mascarados durante o protesto.

– A população de São Paulo não aceita isso e a polícia agiu firmemente no sentido de evitar uma tragédia na praça da República, porque estava tendo uma apresentação, um show com muitas crianças, famílias e idosos – disse o governador em Santos, no litoral paulista.

O governador foi questionado sobre o jovem de 22 anos baleado em Higienópolis. Alckmin disse que não tinha informações detalhadas sobre o caso, e que a própria Polícia Militar se manifestaria.