HIV: Brasil acredita na erradicação da epidemia

Há muita evidência contemporânea de que é possível erradicar a epidemia de HIV e o fim já tem uma data aspiracional: 2030

Em matéria divulgada pela Reuters, especialista da Organização das Nações Unidas (ONU) afirma que, epidemias concentradas de HIV, dentro de um grupo considerado de risco, pode fazer a Aids um problema impossível de se combater.

Entretanto, segundo Dr. Fábio Mesquita, diretor do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde (DST/Aids/MS), há muita evidência contemporânea de que é possível erradicar a epidemia de HIV.

“Isso não significa eliminar o vírus – por enquanto, mas eliminar sua presença de forma epidêmica”, explica o especialista ao atentar que no Brasil, a doença é classificada concentrada em populações em contexto de risco acrescido: gays, homens que fazem sexo com outros homens (HSH); trans; trabalhadoras sexuais; e pessoas que usam drogas.

“Essas subpopulações apresentam prevalências de HIV mais elevadas do que entre a população geral.

É preciso considerar a importância da intervenção comunitária realizada por organizações que têm acesso a estes segmentos populacionais em espaços e locais que estas populações circulam como uma das possibilidades de melhor confrontar a epidemia em seus pares”, acrescenta.

A participação da sociedade civil organizada na política pública é um dos princípios do Sistema Único de Saúde (SUS) e uma das características da experiência brasileira de enfrentamento da epidemia de Aids, conforme assinala Dr. Mesquita.

“Sabe-se das dificuldades históricas que populações vulneráveis enfrentam no acesso e no vínculo a serviços de saúde.

Isso ocorre devido a fatores, tais como estigma e discriminação; cultura dos serviços de saúde; ausência de programas de saúde integral a estes segmentos; horários de atendimento incompatíveis com o estilo de vida destas populações; entre outros fatores”, pontua o diretor de DST/Aids/MS. Segundo ele, essas são barreiras que nós e o mundo temos de superar.

O especialista defende que a focalização e a intensificação das ações de diagnóstico para populações vulneráveis devem ser estratégias centrais para aumentar o impacto na qualidade de vida, na sobrevida e na redução da incidência do HIV na comunidade.

Mudando a realidade

Dr. Mesquita comenta que, embora o Brasil tenha alcançado um grande progresso na contenção da epidemia de HIV graças a diferentes estratégias de prevenção, em parceria com a sociedade civil e com a academia, ainda hoje há grupos populacionais desproporcionalmente afetados pelo HIV.

“Conceitualmente sabe-se que o risco de contrair HIV é determinado por uma combinação de fatores que incluem tanto comportamentos e estilos de vida, como outros fatores sociais e estruturais”, ressalta.

Para o especialista, o Brasil tem trabalhado no sentido de fortalecer uma gama de políticas relacionadas tanto à proteção de indivíduos e da saúde pública, quanto às abordagens comportamentais, biomédicas e estruturais.

“O Departamento de Aids, continua mobilizando as comunidades para que elas atuem coletivamente, garantindo que a epidemia receba uma resposta em todos os níveis da sociedade”, salienta ao reforçar que o Ministério da Saúde vem intensificando parcerias, por meio de Editais Públicos com a sociedade civil e com a academia, para ações de prevenção e de pesquisas junto a populações em contexto de maior vulnerabilidade para o HIV/Aids para garantir engajamento, protagonismo e diminuição das desigualdades.

Aposta brasileira

O diretor de DST/Aids/MS alerta que não é possível encontrar uma única solução de prevenção.

“Sabemos que as estratégias precisam ter componentes tanto comportamentais quanto estruturais. As questões operacionais relativas à sustentabilidade, a população-alvo, o acesso a tecnologias de prevenção e os direitos humanos permanecerão nos nossos modelos de intervenção combinados”, avalia ao dizer não haver dúvida de que o grande alento e luz natural dos últimos cinco anos foi o tratamento como prevenção (TASP, em inglês) e por isso o País adotou o protocolo clínico de testar e tratar.

O Brasil adotou o conceito de tratamento como prevenção a partir da publicação do último protocolo de tratamento em 1° de dezembro de 2013.

A partir de então, a recomendação é que o início da terapia antirretroviral deve ser estimulado para todas as PVHA, independente de seu nível de CD4, com vistas não apenas a impactos clínicos, como também a redução da transmissão do HIV no Brasil.

“Grupos brasileiros e internacionais de pesquisadores estão estudando concretamente a cura da Aids, tema de grande seminário internacional na Conferência de julho de 2013, da International Aids Society (IAS), na Malásia”, lembra Dr. Mesquita ao assegurar que o fim da epidemia é possível e já tem uma data aspiracional: 2030. (www.aids.gov.br)