Guarda municipal preso com armas vai para presídio federal

O guarda municipal Marcelo Rios, flagrado com um grande arsenal e suspeito de integrar um esquema de milícia, além de ter ligações com crimes de pistolagem ocorridos em Campo Grande, será removido para o Presídio Federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte. Em uma das linhas de investigação está sendo apurado se o material apreendido em seu poder é produto de tráfico internacional de armas e munições, o que poderá ensejar uma intervenção da Polícia Federal (PF) no caso.

Ontem, ele foi incluído, em caráter emergencial, no Presídio Federal da Capital, situado na região da saída para Sidrolândia. O objetivo é mantê-lo isolado, tanto por segurança pessoal quanto para evitar interferências externas nas investigações.

As diligências estão sendo realizadas pela Polícia Civil, por intermédio do Grupo Armado de Resgate e Repressão a Assaltos e Sequestros (Garras). As armas estão sob a custódia da PF, que também está fazendo o trabalho de perícia.
De acordo com as informações, na quarta-feira, o juiz federal Dalton Igor Kita Conrado, da 5ª Vara Federal e corregedor da Penitenciária Federal de Campo Grande, autorizou a inclusão cautelar de Marcelo Rios no estabelecimento da Capital, onde ele deverá permanecer até a efetivação de sua transferência para Mossoró. A vaga foi solicitada pelo juízo da 1ª Vara de Execuções Penais de Campo Grande.

A inclusão no presídio de Mossoró já está autorizada pelo juízo corregedor daquela comarca, bem como pelo Departamento Penitenciário Federal (Depen), vinculado ao Ministério da Justiça.

ARSENAL

Há um mês, aproximadamente, policiais civis do Garras e militares do Batalhão de Choque apreenderam um arsenal em poder de Marcelo Rios, escondido em uma casa localizada no Bairro Monte Líbano.

No local, os policiais encontram seis fuzis (dois AK-47 de calibre 762 e quatro de calibre 556), um revólver 357, 11 pistolas 9 milímetros, quatro pistolas .40, uma pistola de calibre 22 e outra pistola de calibre 380, além de duas espingardas, sendo uma de calibre 12 e outra de calibre 22. Com o armamento, havia 1.753 munições, 392 para os fuzis AK-47.

Além de Marcelo Rios, outros dois guardas municipais, Rafael Antunes Vieira e Robert Vitor Kopetski, foram presos, porém, sob acusação de obstrução de Justiça. Eles estariam fazendo ameaças a familiares de Rios. Os dois foram soltos posteriormente, quando o Judiciário atendeu a um pedido de revogação da prisão. O Ministério Público Estadual (MPE) foi contra a soltura e chegou a recorrer da decisão, mas o Tribunal de Justiça negou.

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PISTOLAGEM

Uma força-tarefa criada pela Polícia Civil apura crimes de pistolagem que teriam ocorridos em Campo Grande e não se descarta que, de alguma forma, o esquema de armas em investigação teria alguma ligação com as execuções. A força-tarefa tenta elucidar pelo menos três assassinatos. Um deles ocorreu há pouco mais de um ano, na Avenida Guaicurus. O policial militar reformado Ilson Martins de Figueiredo, chefe de segurança da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul, foi executado com tiros de fuzil AK-47.

Em outro episódio, em 26 de outubro do ano passado, Orlando da Silva Fernandes, o Bomba, foi executado no Jardim Autonomista, dentro de uma caminhonete. Ele morreu com tiros de fuzil calibre 762, o mesmo dos equipamentos AK-47.
Em abril deste ano, o estudante Matheus Xavier, 20, foi morto com tiros de fuzil calibre 762, quando manobrava a caminhonete do pai, em frente à sua casa, no Jardim Bela Vista. A suspeita é de que o alvo da execução seria o pai da vítima, o capitão reformado da PM Paulo Roberto Teixeira Xavier.

Nos registros policiais de Campo Grande também há o episódio da execução do delegado de Polícia Civil aposentado e advogado Paulo Magalhães. Ele fazia denúncias contra políticos e outras autoridades. O crime ocorreu no fim da tarde de 25 de junho de 2013, quando a vítima buscava a filha na escola, no Jardim dos Estados. No ano passado, o guarda municipal José Moreira Freires foi condenado a 18 anos de prisão pelo assassinato. Outro envolvido teria sido morto após a execução, em possível queima de arquivo. O nome de possível mandante permanece desconhecido.

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