Gaviões quer reunião com Emerson Sheik sobre "selinho" em amigo

O momento é de muito cuidado. Informalmente, Edu Gaspar – gerente de futebol – já conversou com Emerson. Reconheceu que o jogador tem o direito de, no âmbito privado, fazer o que quiser. Mas lembrou que com o Corinthians, tudo fica muito grande. O atleta admitiu que esperava provocar uma reação, mas não achava que seria tão grande e, no que se refere aos torcedores, agressiva.

 

A Camisa 12 protestou no mesmo dia, mandando integrantes com faixas ofensivas ao jogador. Sheik já tinha deixado claro que o selinho era uma brincadeira e uma provocação aos homofóbicos. Chegou a pedir desculpas para quem não gostou. Mas avisou que este era jeito, provocador, e não abria mão disso.

 

A galera das arquibancadas não gostou do mesmo jeito. O presidente da Gaviões da Fiel, a maior uniformizada do clube deve ter uma conversa com o atacante e os diretores ainda nesta sexta-feira. Wagner da Costa, conhecido como B.O, vai cobrar explicações e pedir cuidado com o tema. Mesmo assim, o assunto é delicado. Não dá para a Gaviões sair por aí dizendo ser contra a cena, por ter uma insinuação homossexual. Até porque é impossível assegurar que uma agremiação com mais de 10 mil sócios não tenha, em seus quadros, pessoas com diferentes orientações.

 

Por isso, a conversa de Edu com Sheik foi cuidadosa. Se o gerente repreendesse o jogador, estaria sendo politicamente incorreto. Se fizesse uma defesa da foto e do selinho, acirraria ainda mais os ânimos dos uniformizados. O jeito foi optar pelo silêncio oficial. Até porque há um outro tema a se falar: a situação do Corinthians em campo.

 

Afinal, o selinho de Emerson Sheik não é, segundo Gaspar, “um fato normal, que acontece no dia a dia do futebol”. O jogador começou como reserva na partida contra o Luverdense nesta quarta-feira. O técnico Tite o puniu pela cara carrancuda que mostrou ao ser substituído no confronto contra o Coritiba, no domingo. Este é um episódio comum no mundo das quatro linhas.

 

Mas perder por um a zero para o Luverdense também não era esperado. “E quando o Corinthians perde, ele sempre perde mal”, disse Edu. O gerente garante que é corriqueiro fazer cobranças sobre os rumos que a equipe toma durante uma temporada. “Sempre fazemos reuniões para ver onde podemos melhorar”, disse. A turbulência iniciada por Emerson Sheik aumentou com a derrota em Lucas do Rio Verde (MT).

 

Por isso, uma vitória sobre o Vasco, neste domingo em Brasília, pode servir como uma forma de amainar os fortes ventos que começam a soprar no Parque São Jorge. “Quando o Corinthians ganha, ele ganha bem”, disse Edu Gaspar. Para ajudar, o time poderá contar com a volta de Paulo Andrade. Ainda nesta quinta-feira, Renato Augusto será avaliado. O técnico Tite poderá contar com a formação titular.