Galeria infanto-juvenil do Marco incentiva inclusão social e novos talentos

Campo Grande (MS) – A criançada tomou conta do Museu de Arte Contemporânea (Marco) na manhã desta terça-feira (11.12). Hoje a manhã foi delas, todas com os olhares atentos para suas próprias obras, expostas pela primeira vez no Museu.

Trata-se da inauguração da primeira galeria do Marco com mostra de crianças e adolescentes de seis instituições de ensino de Campo Grande e de Bonito. “Esticador de Horizontes” apresenta pinturas e esculturas de jovens artistas de estudantes da Mace, Centro de Educação Infantil Jose Eduardo Martins Jallad (CEI Zedu), Escola Gappe, Associação Juliano Varela, Centro de Integração da Criança e do Adolescente (Cica) e Escola Despertar.

Também conta com painéis produzidos por estudantes de Bonito durante a 19ª edição do Festival de Inverno de Bonito (FIB) e por jovens que participaram das atividades do Dia das Crianças no Parque das Nações Indígenas em homenagem ao aniversário do estado de Mato Grosso do Sul.

Igor é autista, e participa das oficinas de artes no Cica.

O artista Igor Domingues, de 10 anos, mostra orgulhoso o dragão que pintou. Igor é autista, e participa das oficinas de artes no Centro de Integração da Criança e do Adolescente (Cica). A educadora Sandra Aparecida Pereira afirma que ele evoluiu muito depois que começou a frequentar as aulas. “Ele está mais participativo, interagindo com os colegas. Após as aulas de artes, ele passou a se interessar pela cultura de outros países, e depois das aulas começou a interagir com as outras crianças, contando para elas as histórias que havia aprendido. Antes ele não parava na sala, era muito agitado, as aulas de artes estimularam a concentração. As professoras conseguiram passar coisas boas para ele”.

As voluntárias Paula Nocera e Marcela Monteiro.

As professoras de quem Sandra fala são as voluntárias Paula Nocera e Marcela Monteiro, que ministram as oficinas de artes na Cica para alunos de 5ª e 6ª séries. As atividades artísticas acontecem há dez anos na instituição, uma vez por semana, ocasião em que elas passam sua experiência no mundo das artes e em viagens que fazem. “Nós viajamos, vamos a museus e trazemos material para levar conhecimento aos alunos. Eles vão desenhando, pintando e usando aquarela. O material nós fornecemos. Eles se soltam, produzem muito, não têm medo de desenhar, de expor, eles surpreendem. São muito interessados, querem aprender mesmo”.

Paola Moura, aluna do 8º ano, mostra o dragão que desenhou.

Paola de Moura, de 12 anos, aluna do 8º ano, é um exemplo de dedicação na Cica. Ela mostra o dragão que desenhou e explica o que lhe dá inspiração. “Eu vi o dragão numa foto, a professora mostrou o molde pra gente, daí eu criei. Dragão para mim é uma coisa feroz, né. Eu tenho muita inspiração pela arte, gosto muito do desenho”.

O artista Guido Barbosa, de 17 anos, tem Síndrome de Down. Ele é estudante do 8º ano da Escola Oliva Enciso e a obra que ele produziu e que está na exposição é um quadro retratando uma piranha. “O Guido adora filmes de piranhas, com esses peixes comendo gente”, explica o artista visual Ton Barbosa, pai do estudante. “Eu sempre levei meu filho nas mostras de arte, aí ele começou a querer produzir arte. Vendo este interesse, comecei a passar meus conhecimentos para ele. Acredito que em breve ele vai estar trabalhando sozinho”.

O artista Guido Barbosa produziu um quadro retratando uma piranha para a exposição.

A coordenadora do Marco, Lúcia Monte Serrat, falou que o objetivo é fazer esta exposição infanto-juvenil todos os anos com a doação de obras das escolas que realizaram exposições no Museu durante o ano, com a finalidade de se criar um acervo. “A intenção é fazer com que a criança comece a valorizar o trabalho de arte, fazendo um trabalho de arte educação, e ter material para divulgar o que as crianças fazem. Tem trabalhos fantásticos, com isso teremos pessoas mais sensíveis à arte. Também pretendemos trazer mais pessoas ao Museu, porque vindo as crianças, vêm também os pais, professores e pessoas que nunca vieram ao museu, descobrindo que o museu é um espaço interessante, de cultura e lazer. O Museu é um espaço vivo”.

Interessados em visitar a galeria Esticador de Horizontes e conhecer os interessantes trabalhos produzidos pelas crianças podem se dirigir ao Museu de Arte Contemporânea, de terça a sexta-feira, das 7h30 às 17h30. Sábados, domingos e feriados das 14h às 18h.

O Marco fica na rua Antônio Maria Coelho, 6000 Parque das Nações Indígenas. O contato é (67) 3326-7449. Entrada franca. Escolas podem agendar visitas mediadas ao Museu por telefone.

Texto e fotos: Karina Lima – Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul (FCMS)