Fiscalização que resultou em prisão por fraude em vestibular foi planejada desde o começo do ano

Wendy Tonhati

 

 

A fiscalização durante o vestibular da Universidade Anhanguera-Uniderp no último domingo (10), que resultou na prisão de 23 suspeitos de tentar fraudar o processo seletivo foi planejada desde o começo deste ano pela Universidade, segundo o presidente do Centro Acadêmico de Medicina da Universidade, Guilherme Arthur Fatini Moreira. “Já estávamos esperando que acontecesse alguma coisa nesse vestibular”, diz o acadêmico do 4º ano de medicina.

 

Conforme Guilherme, após a divulgação em janeiro deste ano, na imprensa nacional de uma quadrilha que vendia vagas em faculdades de medicina em vários estados do Brasil, os estudantes e a universidade começaram a desconfiar que a unidade de Campo Grande também pudesse estar sendo alvo da venda de vagas, por conta do baixo rendimento acadêmico de alguns estudantes que ingressaram no curso. 

 

“Nos últimos três anos foi notada uma queda acentuada no índice dos acadêmicos. Começamos a perceber que havia alguma coisa errada em certos acadêmicos. Por isso, acreditamos que poderia haver uma relação entre as denúncias que eram veiculadas na imprensa e o baixo rendimento”, afirma.

 

Segundo o acadêmico, a fiscalização foi definida pela Universidade e pela coordenação do curso e foi tudo estabelecido no edital do processo seletivo. “Durante o vestibular houve um planejamento e fiscalização em salas e corredores”, explica. No dia da prova, professores e acadêmicos aturam na fiscalização.

 

Ainda conforme Guilherme, durante a fiscalização, além dos candidatos que foram descobertos com pontos eletrônicos, por onde receberiam as respostas da prova, também foram encontrados estudantes com celulares escondidos. O acadêmico diz acreditar que a quadrilha agia das duas formas, para garantir a aprovação dos que compravam a vaga na universidade. “Eles [a quadrilha] são profissionais, atuam no Brasil inteiro e querem ter certeza que vai funcionar”, relata.

 

O ponto que os estudantes utilizavam para tentar fraudar o vestibular era pequeno e foi detectado por meio de um aparelho de otoscopia. Segundo Guilherme, todo os que realizaram a prova passaram pelo exame. No começo houve resistência por parte de alguns estudantes, mas depois que os primeiros suspeitos foram detidos, a fiscalização teve apoio de todos. “É a prova que pode ter fraude em todo lugar. Se não houver uma fiscalização, o pessoal continua fraudando”, destaca o estudante.

 

Os suspeitos de fraude foram detidos e posteriormente liberados, após o pagamento de fiança arbitrada em pouco mais de R$ 2 mil. O grupo era composto por pessoas com idade entre 18 e 27 anos e ainda um adolescente de 17 anos.