Fazendeiros de todo País vêm a MS reforçar protesto em Nova Alvorada

Produtores rurais do Paraná, Maranhão e Rio Grande do Sul estão neste momento na manifestação ruralista em Nova Alvorada do Sul, 120 km de Campo Grande, juntamente com fazendeiros sul-mato-grossenses. Estima-se que 4 mil pessoas estarão no entroncamento das BRs 163 e 267 até o início de tarde de hoje para engrossar o manifesto que pede paz no campo, fazendo referência ao impasse entre índios e produtores devido a demarcação de terras indígenas.

Uniformizados com camisetas estampadas pela frase “Onde tem Justiça tem espaço para todos”, os ruralistas distribuem panfletos e adesivam os carros e caminhões que passam pela cidade. Para passar o dia todo no local, eles montaram grande estrutura com palco, telão (onde vídeos relacionados ao tema ficam passando) e banheiros químicos. A senadora Kátia Abreu (PSD/TO) deve chegar ao manifesto até o final desta manhã. Ela é conhecida por lutar em prol de fazendeiros.

Vindo de Toledo, no Paraná, o produtor de frango, boi e milho, Carlos Thome, 73 anos, veio ao Estado se solidarizar com os companheiros de profissão. “Duas cidades ao lado da minha, Guaíra e Mercedes, também estão com impasse de demarcação, então considero importante esse apoio. Sabemos que não é culpa dos produtores em dos índios. É resultado do descaso do governo mesmo”, disse.

Oriundo de Bela Vista o fazendeiro, Arlindo Buss, 53 anos, produz gado de corte e leite e está na manifestação para auxiliar na panfletagem. “O objetivo é conscientizar e sensibilizar quem passa pela cidade. O que a gente queria mesmo era estar no campo produzindo, mas tomamos a decisão de virmos aqui em prol da causa”, argumentou. Para garantir segurança preventiva, 20 agente da PRF (Polícia Rodoviária Federal) e PM (Polícia Militar) estão no local.

Conflito – No início do mês, o presidente do Sindicato Rural da cidade, Osório Luiz Estralleoto, disse aoCampo Grande News que não há resistência em vender as terras ao Governo Federal. “Nós aceitamos vender as terras, desde que o governo pague o que é justo. Este impasse se arrasta há mais de 13 anos. Sabemos que os índios são vítimas de entidades que incitam a ocupação das fazendas”, justificou, fazendo referência ao CIMI (Conselho Indigenista Missionário) e Funai (Fundação Nacional do Índio).

Ao todo são 17 mil hectares reivindicados pela tribo Terena. A cidade foi palco de grandes discussões e conflitos que tiveram o auge no dia 30 de maio quando Oziel Gabriel, de 35 anos, foi morto durante o cumprimento de uma ação de reintegração de posse. Houve confronto entre os indígenas e policiais federais. Para tentar amenizar a situação uma tropa com 110 militares da Força Nacional está em Sidrolândia para patrulhar a região das fazendas e aldeias.

Resolução Financeira – Na avaliação do presidente da Acrissul (Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul), Francisco Maia, o investimento feito no estádio Mané Garrincha, construído para receber os jogos da Copa do Mundo 2014 em Brasília, avaliado em R$ 1,2 bilhão, seria mais que suficiente para pagar terras indígenas demarcadas, incluindo todas as benfeitorias, e sanar o conflito entre índios e fazendeiros em Mato Grosso do Sul.

“Claro que é apenas uma estimativa, mas somando 70 mil hectares acredito que seja cerca de R$ 1 bilhão para que o Governo Federal pague o valor justo pelas terras dos ruralistas do Estado. Depende de região para região, pode ser que seja até menos”, disse.