Famílias sofrem com falta d’água na Aldeia Amambai

Vilson Nascimento

Centenas de famílias indígenas residentes na Aldeia Amambai estão sofrendo de longa data com a falta d’água, em Amambai.

Segundo relataram moradores da aldeia, que é a maior do Cone Sul de Mato Grosso do Sul, com cerca de dez mil índios da etnia guarani-kaiowá, a reportagem do grupo A Gazeta, em alguns pontos da reserva indígena a água não chega às torneiras há pelo menos 20 dias.

Em muitos casos isso tem obrigado os moradores a se deslocarem por até três quilômetros para buscar água em um riacho que margeia a reserva indígena.

Tal situação gera dois graves problemas, segundo membros da comunidade indígena. Um deles é a situação da água, que não pode ser considerada potável, tendo em vista que em pontos acima de onde algumas famílias coletam, outras usam lavar roupas e até se banhar, deixando dejetos na água, fator que pode propagar doenças, principalmente, mas crianças e outra é que, por conta da distância à ser transportada, a água, geralmente levada por crianças e mulheres, é carregada em pequenos galões devido ao peso.

“Usamos a água que trazemos do rio apenas para cozinhar e para tomar banho. Não sobra para lavar roupas e isso tem prejudicado as crianças, que não tem roupa limpa para ir à escola”, disse uma mãe indígena.

A comunidade informou que pelo menos uma das escolas da reserva indígena também vem sofrendo com a falta de água, mas caminhões pipas tem buscado manter o abastecimento, ao contrário dos moradores, que não recebem tal beneficio.

SESAI reconhece o problema, mas não promete solução

Procurada pela reportagem do A Gazeta a SESAI (Secretaria Especial da Saúde Indígena) disse ter conhecimento do problema de falta d’águia enfrentado pela comunidade indígena da Aldeia Amambai, mas não apontou solução, pelo menos de forma imediata.

Segundo a direção do Polo do órgão federal em Amambai, a demanda elevada por conta do aumento populacional, aliada ao forte calor dos últimos dias e o mais grave, a queda de produção dos poços artesianos instalados na aldeia, são os fatores que estão provocando a falta de água em boa parte da reserva indígena.

Segundo José Wilson, do Polo local, dois dos três poços artesianos que abastecem a Aldeia Amambai foram implantados há cerca de dez anos (um terceiro é mais antigo).

Desse período para cá a população da reserva indígena aumentou em cerca de 4 mil pessoas, ou seja, um aumento aproximado de 40% da população e os poços, possivelmente por questões climáticas, perderam capacidade de produção. O maior deles, que quando construído tinha vazão de 13 mil litros d’água/hora, hoje gera apenas cerca de 7 mil.

Segundo a SESAI, por conta da diminuição da produção de água deu-se início um sistema de rodízio, com o fechamento de registros de determinados setores para reabastecer outro. Acontece que mesmo com o sistema de rodízio a água acaba não chegando a determinados pontos da reserva indígena, que é bastante extensa.

Uma das soluções, segundo a SESAI, seria colocar em prática um projeto já existente da implantação de um poço artesiano para atender a escola e os moradores da região próxima ao Sertãozinho, mas tal projeto estaria “emperrado” em Brasília.

Segundo a Secretaria Especial da Saúde Indígena, o órgão dispõe de bombas, mas depende da liberação de recursos para a contratação de empresa especializada para perfurar o poço.

A SESAI informou que está buscando junto a FUNASA (Fundação Nacional de Saúde) uma parceria para a perfuração de mais um poço artesiano na Amambai, tendo em vista que a Fundação dispõe de equipamentos para tal fim. Parcerias nessa natureza entre os dois órgãos já foram firmadas para atender outras aldeias, segundo a SESAI.

Fonte: A Gazeta News