Família recusa nova autópsia em índio morto durante confronto

O MPF (Ministério Público Federal) tentou trazer um especialista de fora de Mato Grosso do Sul para fazer autópsia no corpo Oziel Gabriel, de 35 anos. Porém, a família recusou uma nova pericia. De acordo com o irmão da vítima, Otoniel Gabriel, a decisão é da esposa de Oziel . “Mas a investigação vai acontecer”, afirma. Desta forma, o sepultamento será as 16h, na aldeia Córrego do Meio, a 25 km de Sidrolândia.

O novo procedimento seria para definir o calibre do projétil que atingiu o terena durante a reintegração de posse da fazenda Buriti. A justificativa é que o laudo não foi realizado por médico-legista.

Familiares da vítima afirmam que o disparo partiu da arma de um policial federal. No local, também estava a Cigcoe (Companhia de Gerenciamento de Crises e Operações Especiais), que levou munição letal para área de conflito.

Conforme o laudo, o óbito foi por choque hipovolêmico decorrente de ferimento por arma de fogo. Oziel foi atingido por um tiro no abdômen, a bala passou pelo fígado e o projétil saiu pelas costas. Ontem, o corpo seguiu do hospital beneficente Elmíria Silvério Barbosa direto para a Pax Bom Jesus, sem passar pelo IML (Instituto Médico Legal). A plantonista do IML não estava na cidade e viajou com a chave do local. Então, dois médicos foram a Pax Bom Jesus.

A ação na fazenda Buriti durou nove horas, das 6h às 15h. A reintegração de posse, determinada pela Justiça Federal, foi cumprida pela PF (Polícia Federal), com apoio da PM (Polícia Militar). O imóvel rural pertence ao ex-deputado Ricardo Bacha.

Os terenas atearam fogo a ponte e casas na fazenda Buriti. A PF apreendeu armas artesanais, facões e duas espingardas. A fazenda foi invadida pelos terenas em 15 de maio. No mesmo dia, saiu uma decisão para que os índios deixassem o local. Mas a reintegração não foi cumprida e no dia 18 a decisão acabou suspensa até quarta-feira, quando foi realizada audiência na Justiça Federal.