Fala de Odilon sobre ditadura militar gera críticas na Assembleia

Na sessão da Assembleia Legislativa, desta terça-feira (15), deputados estaduais criticaram a declaração do pré-candidato ao governo de Mato Grosso do Sul, o juiz aposentado Odilon de Oliveira (PDT), que chamou a ditadura de “Governo Militar”, com direito a elogios de que os governos da época fizeram “muito pelo Brasil”.

Na tribuna, o deputado Pedro Kemp do PT pontuou que a posição do juiz trouxe indignação, não por ser novidade, mas porque documentos comprovam os assassinatos autorizados. A polêmica em Mato Grosso do Sul em relação ao período de ditadura militar ganhou repercussão após entrevista do candidato do PDT ao governo do Estado, Odilon de Oliveira, na semana em que documentos da CIA, agência de inteligência norte-americana, revelou que 104 assassinados foram autorizados por um dos militares a ocupar o poder, Ernesto Geisel.

O assunto voltou a ser tema de debate, na sessão desta manhã, quando fez críticas a este período. “Isso traz indignação à sociedade, não por ser novidade, mas porque, agora, documentos comprovam essas torturas e que os próprios generais foram responsáveis por mandar matar. Isso é grave e o Exército deveria passar a limpo essa história”, disse.

Ainda no uso da Tribuna, Kemp (PT) pontuou que existem pessoas que acreditam na inexistência da ditadura. “Mais triste é saber que tem gente no Brasil que acredita que não houve ditadura militar. Semana passada eu escutei isso de um pré-candidato ao governo durante entrevista em uma rádio. Será que a pessoa não estava morando no Brasil nesta época?”, disse o petista.

Antes de finalizar a fala, o parlamentar pontuou: “Não teve ditadura para quem não teve filho torturado ou morto, pois até hoje há famílias que choram a falta de seus entews queridos. Só elas sabem o sofrimento que já passaram e ainda passam”, finalizou.

O deputado Paulo Siufi (MDB) também fez críticas a declaração do juiz e lembrou que teve o pai preso durante a ditadura, simplesmente porque era a favor de um político contrário.

“Isso (declaração do juiz) também coloca o dedo na minha ferida, porque eu nasci em 27 de fevereiro de 1964 e no dia 31 de março de 1964 meu pai foi preso. Ele e meu tio, porque eram “Janguistas”. Eu era um recém-nascido no colo da minha mãe e ela tem lembranças ruins até hoje, é lamentável as pessoas que não conheçam a história de seu país. Fiquei muito chateado quando vi a declaração. Não é assim que se começa uma história na vida pública”.

Siufi ainda ponderou como seria os dias atuais se houvesse ditadura. “Por exemplo, eu sou “Andrezista” e por isso deveriam me prender? Por que é de outro grupo político?”

Resposta – Em nota divulgada ontem, uma semana após a entrevista, Odilon reafirmou elogios ao período em que os militares estiveram no poder e disse que prefere o termo “Governo Militar” para evitar o que chama de radicalismo. Disse, ainda, que é contra “qualquer agressão a direitos sociais e humanos, ocorridas tanto em governos civis como nos governos militares”

Segundo Odilon, “governos militares fizeram, sim, muito pelo Brasil, com a criação da Embratel, do Mobral, do Programa de Merenda Escolar e Loas, hoje de um salário mínimo, paga, pelo INSS”.

Ainda na nota, o candidato defendeu que “Ditadura militar” ou “Governo militar” são questões de nomenclatura. “Para não acirrar ânimos, faço opção pela segunda expressão, pois entendo que o Brasil precisa de conciliação, e não de posições radicais, que não cabem no meu perfil. Sou um cidadão da lei. Minha história de vida fala por mim”, finalizou.