Exclusivo: Família perde guarda de filho com doença rara e não recebe informações de internação de criança na Capital

Uma família de Jardim, passa por um dilema para conseguir uma alimentação especial e cara, para o filho portador de uma doença rara. A família ainda briga na Justiça para obter a guarda da criança. O conselho tutelar levou o pequeno há cerca de um ano, sob a alegação de que a família não têm condições de cuidar do filho doente. No entanto, mesmo sob a tutela do Estado, a criança passou mal e está internada no Hospital Regional de Campo Grande.

O berço onde a criança dormia está do mesmo jeito há um ano: vazio. A mãe mantém tudo guardado na esperança de ter o filho de volta.

“Eu só queria ter meu filho de volta, porque se estava comigo, e bem cuidado”, diz a dona de casa, Elisangela dos Santos Fernandes.

Apesar da pouca idade, a história do pequeno Esteven Artur é repleta de momentos delicados. Logo depois de nascer, o bebê começou a ter intestino solto. Foi levado várias vezes ao hospital, até que aos três meses a família descobriu que ele sofre de uma doença rara: alergia a qualquer tipo de proteína e alimentos sólidos.

A única forma do menino comer é por meio de sondas. Além disso, ele ainda precisa de um leite especial, que só é encontrado nos Estados Unidos. Só que a caixa com 15 latas custa R$ 15 mil. Os pais entraram na justiça para pedir que o estado arque com a despesa do leite. “Nós temos condições de cuidar dele sim”, diz o pai. 

Mas ainda havia outro desafio pela frente: alimentar o filho por sonda. Jardim é uma cidade pequena do interior de Mato Grosso do Sul, com pouco mais de 25 mil habitantes, e os recursos da saúde pública são limitados. Então Elisangela foi com o filho para o hospital de Campo Grande. Só que, nesse período, o Conselho Tutelar e a Assistência Social foram até a casa da família em Jardim.

“Entraram na minha casa com celular, filmando, na época que eu estava fazendo uma reforma, tinha latas de tinta, ali dentro, tinha lixa, porque eu estava lixando a parede, então eles já acusaram e colocaram que minha casa era desorganzada, que eu era uma pessoa desajeitada e fizeram uma acusação muita séria, no qual que fiquei muito ofendido, com isso”, diz o artesão, Claudinei dos Santos Loureiro.

“Entraram dentro do quarto, onde ele estava, e disseram: nós vamos tirar teu filho de você. Tiraram o bebê de mim, me empurraram, me forçaram para entregar ele”, diz a mãe.

O Conselho Tutelar alegou que a família não têm condições de cuidar do bebê e, há um ano, o trouxe para este abrigo. Na instituição ele é alimentado por sonda, mas, no dia 29 de abril, ele teve infecção intestinal e foi levado ao Hospital Regional, em Campo Grande, onde permanece internado.

Desde então, os pais não tiveram mais contato com o filho. Nós tentamos gravar entrevista com a direção do abrigo. Um horário chegou a ser agendado, mas, na hora marcada, nossa equipe foi informada que ninguém falaria sobre o caso.

Também procuramos o conselho tutelar e fomos atendidos pelo coordenador, que também não quis gravar entrevista. Ele pediu que procurássemos a assistência social do Fórum. Fomos até lá, mas ninguém foi encontrado. Por telefone, o juiz responsável pelo caso disse que vai se inteirar sobre o assunto para depois se pronunciar.

Enquanto isso, Elisangela e Claudinei continuam na esperança de ter o filho de volta. Eles também esperam por respostas, afinal, se eles não tinham condições de cuidar do bebê, porque a criança está internada.

“Nós precisamos do nosso filho e ele precisa de nós é a nossa vida e nós não podemos de maneira nenhuma perder ele e nem que ele vá para a mão de um estranho”, diz Claudinei.

“Eles falaram que iam cuidar, mas não cuidaram. Eu quero meu filho de volta, porque ele é minha vida, eu sofri tanto naquele hospital, para merecer tudo isso? Eu não mereço isso”, finaliza Elisangela.

A assessoria de imprensa do governo do Estado informou que o menino Estiven Artur Fernandes Loureiro continua internado no Centro de Terapia Intensiva pediátrico do hospital Regional, em Campo Grande, e que a criança segue em observação. Porém a assessoria não soube informar qual é o estado de saúde da criança, uma vez que o hospital não divulgou a informação. (Com colaboração Miriam Névola, TV MS Record)