Ensino em Tempo Integral é destaque na EE Waldemir Barros da Silva

Escola na região Leste da Capital recebeu uma série de prêmios e serve de modelo para a implementação de novas modalidades e metodologias de ensino.

Campo Grande (MS) – Uma escola na Vila Moreninha I, situada a cerca de 25 minutos do Centro de Campo Grande, se tornou protagonista quando o assunto é gestão e ensino de qualidade. Fundada no início da década de 90 e recentemente reformada, a EE Waldemir Barros da Silva está de cara nova e se afirma – cada vez mais – como um modelo a ser seguido em diversas esferas, desde a administração até a implementação do Ensino em Tempo Integral.

Com 25 anos de trabalho na escola, Ernângela Maria de Souza Calixto, começou como professora e hoje é diretora na unidade. Essas duas décadas e meia de vivências já reservaram momentos gratificantes para ela, ainda durante a atuação em sala de aula. “Ao longo do tempo a gente vai acompanhando diferentes gerações (…), eu tive alunos ainda no processo de alfabetização, encontrei eles novamente no ensino médio e no mercado de trabalho. Atuar por tanto tempo na mesma escola me propiciou momentos de satisfação como esses”, declara.

Já como gestora, ela se orgulha de conquistas e metas atingidas, tais como prêmios recebidos e o reconhecimento nacional pelo trabalho que transcende os muros da escola. “A instituição já recebeu premiação três vezes: a primeira delas foi por uma proposta de Ensino Médio Noturno, em 2006. Naquela oportunidade nós ficamos entre as duas representantes da região Centro-Oeste, ao lado de outra escola no Distrito Federal. Em 2011 recebemos o prêmio Gestão Escolar – Destaque Estadual – e, agora, nesse ano de 2017, voltamos a receber o mesmo prêmio e também de gestão no Destaque Regional”, diz.

Ernângela Calixto há 25 anos atua na escola, sendo 15 anos como diretora da unidade. Foto: Antonio Luiz

Outro fruto do trabalho da Rede Estadual de Ensino de Mato Grosso do Sul, o Ensino em Tempo Integral, é um dos principais destaques da escola. Iniciado em 2016 – ainda com cinco salas – o resultado foi amplamente satisfatório e, logo no ano seguinte, o número de turmas cresceu. Em 2018 já são 14 salas que recebem os estudantes desde às 7h30 com atividades programadas até o fim da tarde, às 16h30, na EE Waldemir Barros da Silva.

Estudante da escola desde 2016, Gabrieli do Nascimento, se viu em uma mudança de rotina quando passou para o Tempo Integral. Mas as diferenças não se restringem apenas à carga horária de estudos, mas também ao comportamento da jovem de 17 anos. “Nas outras escolas a rotina era sempre a mesma e quando vim para cá, tive contato com o projeto de Ensino por Pesquisa, aprendi muita coisa. Antes eu era muito tímida, não conversava muito. Quando entrei para o período integral é como se uma porta fosse aberta na minha vida, com o convívio o dia todo aprendi a fazer trabalhos em grupo, consegui me expressar melhor e progredi bastante em várias outras áreas”, declara.

A adaptação à mudança de rotina pode ser mais rápida do que se imagina. Para Rafael Rodrigues, de 15 anos, o convívio na escola em Tempo Integral era uma necessidade. “Para mim, a rotina de meio período era uma coisa meio robótica… saía da escola, fazia tarefa e não tinha ‘aquele a mais’, eu sentia falta. Não havia o direcionamento que a gente tem aqui, por exemplo. Eu sinto segurança no diálogo com os professores para trocar experiências e, até mesmo, para falar de assuntos que vão além daquilo que aprendemos na escola. Estar em contato com eles o dia todo me ajudou nisso, nos tornamos mais próximos”, explica.

Para os professores a mudança também foi significativa. Weber Cristaldo é professor de Química na unidade escolar e conhece bem a rotina: são mais de 13 anos atuando em sala de aula. Segundo ele, o início da implementação do Ensino em Tempo Integral foi de muito aprendizado e os resultados foram além do esperado, tornando os estudantes ainda mais próximos da escola. “É importante a adaptação do professor e também dos alunos. A maioria vem com a rotina de estudar apenas meio período e quando ele tem contato com o Ensino em Tempo Integral eles sofrem uma mudança grande, precisam se adaptar e isso, às vezes, leva tempo. Observando o comportamento deles, nós percebemos que houve um interesse maior pela escola em si, os estudantes passaram a se envolver mais e se tornaram mais participativos (…). Foi criado um vínculo e o aluno se sente em uma segunda casa”, detalha.

A EE Waldemir Barros da Silva recebe diariamente cerca de 330 estudantes que participam ativamente dos projetos ofertados com a metodologia “Educar pela Pesquisa”. Foto: Antonio Luiz

O estudo em tempo integral pode significar que o período fora da escola será apenas destinado ao lazer, certo? Para Gabriel Santos, de 16 anos, não foi bem assim. “Na escola que eu estava antes, conheci um professor que hoje atua aqui. Foi por indicação dele que eu decidi mudar para cá e, à primeira vista, eu pensei que a escola em tempo integral fosse mudar demais a minha rotina e até gerar desgaste, mas quando eu cheguei aqui e conheci a metodologia da pesquisa, isso me deixou com muita curiosidade. Hoje, mesmo quando eu chego em casa, por volta das 17h30, ainda tenho tempo para ver meus familiares e depois volto a estudar”, afirma.

Em quase três anos de Ensino em Tempo Integral na EE Waldemir Barros da Silva, a direção detectou uma série de números que mostram a eficácia da modalidade e, nas palavras da diretora, os objetivos estão sendo atingidos. “Acredito que estamos no caminho certo, os alunos estão conosco o tempo inteiro – os professores também – e a escola consegue crescer e auxiliar no processo de construção dessa relação, que ainda se estende à comunidade em geral”, finaliza a diretora da escola.

Entrega da reforma

Com a reforma concluída na primeira quinzena deste mês de junho, nesta segunda-feira (18.6) será realizada a entrega simbólica das obras da EE Waldemir Barros da Silva, na rua Palmácia. O evento, começa às 8h00, e vai contar com a presença do governador Reinaldo Azambuja; da secretária de Estado de Educação, Maria Cecilia Amendola da Motta; do ministro da Educação, Rossieli Soares; além de outras autoridades; representantes da escola; pais e alunos.

Secretaria de Estado de Educação (SED)