A Empresa Energética de Mato Grosso do Sul (Enersul) quer o aval da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), para deixar de ressarcir cerca de 30 mil consumidores do Estado, num montante estimado em cerca de R$ 480 milhões, mostra reportagem na edição desta sexta-feira (19) do jornal Correio do Estado.
Em pedido protocolado no dia 14 de junho, no órgão, em Brasília, a concessionária solicita a caducidade da dívida com clientes da área rural de MS (para que seja desobrigada de restituir os valores devidos), e, ainda, a incorporação a seu patrimônio das redes pagas pelos produtores.
Reportagem publicada pelo Correio do Estado no último dia 13 mostrou que a dívida com os produtores rurais somava R$ 72 milhões. Porém, segundo o economista Fernando Abrahão, especialista no setor elétrico, houve uma possível omissão de mais de R$ 400 milhões no balanço da Enersul que oferecia o dado, uma vez que, o documento não considerou cerca de 35 mil quilômetros de rede identificados em um processo de fiscalização, da Aneel, de 2008.
“Se a Aneel aprovar esse pedido será um prejuízo muito grande para os consumidores de Mato Grosso do Sul. Há ressarcimentos em aberto desde que a Enersul foi privatizada, em 1997 e uma obrigação vencida e não paga desde de 2009”, afirma o economista.
“E o que mais causa estranheza é o fato de o documento enviado a Aneel pedindo a caducidade estar assinado pelo interventor da Enersul, Jerson Kelman, que é ex-presidente da agência e, que até então, em casos semelhantes, sempre defendeu os direitos dos consumidores à restituição”, completa. A reportagem é de Adriana Molina.